Ao analisar o impacto da chegada do coronavírus ao Rio Grande do Sul, a Receita Estadual aponta que 10 entre 16 setores econômicos gaúchos apresentam resultados negativos no acumulado dos quatro primeiros meses do ano, em comparação com igual período de 2019. Os dados referentes à arrecadação de ICMS estão no boletim semanal publicado pelo órgão nesta quarta-feira (13), com a evolução fiscal do Estado nas últimas oito semanas. Ainda assim, a estabilização das perdas aponta para recuperação lenta e gradual.
As áreas com os piores resultados são a metalmecânica (-24,6%) e calçado e vestuário (-24,3%). Na ponta de cima, apresentam dados positivos o agronegócio (13,8%) e a venda porta a porta (12,8%).
— Ainda estamos preocupados com o mês de maio, que deve ter queda expressiva na arrecadação — relata o subsecretário da Receita Estadual, Ricardo Neves Pereira.
Após variações positivas na arrecadação de ICMS nos dois primeiros meses do ano — 4% e 6,7%, respectivamente —, houve retração de 0,3% em março e de 14,8% em abril. No ano, o recuo é de 1,1%.
Apesar disso, Pereira aponta indícios positivos de retomada em diversos setores, embora ainda de forma lenta e gradual. Entre os motivos, está o aumento da circulação de pessoas, a partir de menores índices de isolamento social. Ainda assim, a expectativa é de que algumas áreas tenham recuperação mais rápida:
— Percebemos a retomada, especialmente no varejo. Em geral, a queda nos últimos 28 dias tem um patamar elevado, mas, nos últimos 14 dias, a extensão da queda vai diminuindo.
De acordo com o boletim, a movimentação de valor médio diário no RS, a partir da emissão de notas fiscais eletrônicas, recuou 16% em 2020. Porém, nas últimas três semanas, os resultados negativos estão menores, chegando, nos primeiros dias de maio, próximo ao empate com o mesmo período de 2019.
Grandes setores
O setor do varejo segue com bons resultados nos produtos de higiene e alimentos, com alta de 4%. Itens hospitalares e medicamentos acumulam índice positivo de 5%. Já os demais produtos recuaram 37%, mesmo com a redução de perdas nas últimas três semanas.
As baixas maiores nas vendas do varejo seguem sendo de vestuário, calçados, automóveis e móveis. Na lista positiva, destaque para aumento na venda de cereais, produtos da indústria química (como álcool gel e sabão para lavar roupas), gorduras e óleos animais, leite e ovos, e carnes.
No setor industrial, há avanços nas áreas de alimentação e produtos de limpeza, com destaque para suínos, arroz, trigo, leite, aves e ovos e bovinos. Na ponta de baixo da tabela seguem os setores coureiro-calçadista (com redução de 66% nas vendas), de veículos, moveleiro, têxtil e metalúrgico.
Os setores de eletroeletrônicos e de máquinas e equipamentos, após performance positiva na última semana de abril, voltaram a ter queda nas vendas. Já os setores de tratores e de implementos agrícolas apresentaram pequenas altas, de 1% e 2%, respectivamente.
Combustíveis
A evolução na venda e no preço de combustíveis também é avaliada semanalmente. Há queda de 61% no etanol, 27% na comercialização de gasolina e 20% no diesel S-500. O diesel S-10 teve crescimento médio de 4%. Os resultados são melhores do que na última semana de abril, mostrando que há maior movimento de veículos nas ruas.
Entre os valores pagos pelos produtos, há tendência de queda em todos os produtos. A gasolina, que chegou ao pico de R$ 4,79 no ano, era comercializada a R$ 3,86, em média, na última semana. O etanol estava sendo vendido a R$ 3,93, depois de chegar a R$ 4,47.
O diesel S-10, que iniciou o ano a R$ 3,80, chegou a R$ 2,92 na última semana. Já o diesel S-500 variou de R$ 3,72 a R$ 2,86. A principal influência na queda de preços segue sendo a redução do valor do petróleo no mercado internacional.