A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) terá um projeto que vai estudar os impactos da crise da covid-19 na economia. A pesquisa do Observatório Socioeconômico da Covid-19 foi aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapergs), que repassará recursos para a instalação de um laboratório no campus de Camobi e também vai financiar as pesquisas.
O estudo vai analisar os cenários nacional, estadual e regional, com foco direcionado em Santa Maria. A ideia é não só diagnosticar os impactos, mas também apresentar possíveis estratégias e políticas públicas que podem ser adotadas para ajudar na recuperação da economia.
— Vamos ter um melhor cuidado com Santa Maria, porque estamos inseridos neste contexto. E é uma cidade com uma peculiaridade, porque tem um manancial grande de servidores públicos, ou seja, tem uma renda circulando pela cidade. Então, vamos mensurar esse impacto na economia da cidade e que políticas públicas poderiam diminuir os efeitos dessa crise — explica o professor Daniel Arruda Coronel, que é integrante do Departamento de Economia e Relações Internacionais e coordenador do projeto.
Um levantamento da Câmara de Comércio e Indústria de Santa Maria (Cacism), na semana passada, estimou que foram 4 mil demissões na cidade nos últimos 30 dias. O presidente da entidade, Luiz Fernando Pacheco, ressaltou a importância da reabertura do comércio. Porém, ele destacou que as empresas esperam um aumento no movimento, que ainda era tímido depois de uma semana da reabertura. Neste sentido, o professor Daniel Arruda destaca a necessidade não só dos santa-marienses, mas das pessoas de cada cidade fomentarem o comércio local, priorizando a compra em empresas do município.
— Esse é o momento da sociedade fazer as suas compras em empresas locais como uma forma de fomentar a renda da região. Comprar no mercadinho da esquina, na lojinha, porque o capital dessas empresas é bem menor do que o dos grandes conglomerados — ressalta Coronel.
Mesmo assim, devido à queda na confiança do consumidor e com políticas públicas, na opinião do professor, ainda não suficientes, a estimativa é que leve cerca de dois anos para a economia se recuperar plenamente.
— A cidade vai demorar, fatalmente, entre dois e três anos para se recuperar. Mas são fundamentais ações dos governos para que as pessoas não tenham tanta queda no seu poder aquisitivo, para que elas possam continuar consumindo. Caso contrário, há um efeito cascata, aumentando o desemprego, a queda de arrecadação no município. Mas, até agora, essas ações não são o suficiente — analisa.
Além da UFSM, vão participar da pesquisa a Unipampa, a Faculdade IMED, de Passo Fundo, a Universidade Federal de Viçosa e Universidade Federal de Minas Gerais, ambas de Minas, a Unoeste, do Paraná, e a Universidade Federal de Cariri, do Ceará.