A queda observada em diversos setores econômicos do Estado desde a chegada do coronavírus segue ativa, embora tenha apresentado velocidade menor na última semana. Ainda assim, as perdas médias desde 16 de março, quando foram decretadas medidas restritivas em solo gaúcho, chegam a 28% no varejo e 23% na indústria, na comparação com igual período do ano passado.
Os números constam em levantamento semanal da Receita gaúcha, divulgado nesta quarta-feira (15). O boletim mostra, ainda, que a movimentação de valor médio diário no RS, a partir da emissão de notas fiscais eletrônicas, recuou 17,1%.
A queda na atividade econômica percebida em velocidade menor nos últimos dias, depois de picos negativos até o início de abril, é vista como o esboço de uma retomada, a partir do aumento do consumo.
— É uma tendência de recuperação. Estamos notando, até mesmo em Porto Alegre, que as pessoas estão voltando às ruas. O isolamento já está menor do que no início — avalia o subsecretário da Receita Estadual, Ricardo Neves Pereira.
O setor do varejo apresenta evoluções distintas entre categorias. Produtos de higiene e alimentos apresentam alta no período de 9,1%, respectivamente. Em especial na primeira semana da análise, iniciada em 16 de março, consumidores compraram mais para garantir quantidade razoável de produtos essenciais em casa. Em seguida, houve duas quedas, interrompidas por recuperação na última semana.
Os medicamentos e materiais hospitalares tiveram comportamento semelhante. Já as demais produtos da rede varejista amargam queda de 49,6%. Os maiores tombos nas vendas foram registrados no vestuário, calçados e automóveis. Na lista positiva, destaque para produtos de Páscoa, com boas vendas de peixes e frutos do mar e cacau e derivados.
— Nós tivemos empresas que foram autorizadas a continuar abertas, mas a diminuição no fluxo de pessoas na rua faz muita diferença. Vamos discutir a retomada, com todos os protocolos de higiene. Será um novo aprendizado a todos — relata o presidente da Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV), Sérgio Galbinski.
No setor industrial, há avanços na área de alimentação, com destaque para os segmentos de aves e ovos, suínos, bovinos e leite. O mesmo é observado na área de produtos de limpeza. Na ponta de baixo da tabela estão setores como coureiro-calçadista, moveleiro, têxtil, metalúrgico e de veículos.
— Há empresas que estão voltando a operar, mas ainda estamos longe da normalidade. Vai mudar a forma como as empresas trabalham nos próximos meses, mas também temos lentidão na retomada do mercado consumidor — avalia o economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), André Nunes de Nunes.
A evolução na venda e no preço de combustíveis também foi avaliada. Houve queda de 59,7% no etanol, 30,3% na comercialização da gasolina, de 24,1% no diesel S-500. O diesel S-10 teve crescimento médio de 2,1%.
Entre os valores, há tendência de queda em todas as bombas. A gasolina, que chegou ao pico de R$ 4,79, era comercializada a R$ 4,19, em média, na última semana. O etanol estava sendo vendido a R$ 4,17, depois de chegar a R$ 4,47.
O diesel S-10, que iniciou o ano a R$ 3,80, chegou a R$ 3,23 na última semana. Já o diesel S-500 variou de R$ 3,72 para R$ 3,15. A explicação é a redução do petróleo no mercado internacional.