Diante do elevado número de requerimentos de benefícios na fila do INSS e da média de resposta fora do prazo legal, o presidente da autarquia, Renato Rodrigues Vieira, admitiu que há problemas de estrutura nas agências. Em entrevista ao Gaúcha Atualidade nesta sexta-feira (17), Vieira reforçou ainda o aumento do fluxo de pedidos encaminhados ao instituto.
— Há uma demanda por aperfeiçoamento na estrutura de atendimento. Velocidade da internet às vezes é ineficiente. Houve número crescente de aposentadoria nos últimos anos. Nós não desconhecemos estes fatos — reconheceu o presidente.
Na última terça-feira (14), o governo federal anunciou que prepara decreto para agilizar o atendimento da fila do INSS, que hoje é de 1,3 milhão. Entre as medidas, está a convocação de 7 mil militares das Forças Armadas da reserva para auxiliar no atendimento. Além disso, afirmou Vieira, há bônus financeiro para produtividade extraordinária e possibilidade de realizar tarefas semipresencialmente.
Esta esta sexta, o aumento do fluxo de pedidos no sistema protagonizava exclusivamente o motivo da demora na resposta do INSS — que deveria ser de até 45 dias e hoje é de 65. Conforme Vieira, de fato o número de requerimentos teve um salto a partir de 2018 com a viabilização de fazer o pedido por meio digital. Antes disso, a média de requerimentos era de 724 mil processos por mês. Desde abril do ano passado, o número saltou para 998 mil em média.
— Antes, o cidadão precisava buscar uma data de agendamento e muitas vezes muitas pessoas não conseguiam, e isso gerava uma demanda reprimida — explica — nosso objetivo é aumentar o número de decisões administrativas. Em 2019, conseguimos fazer isso. Foi o maior número de decisões de sua história. Foram 9,4 milhões em 2019, e isso fez com que a fila começasse a cair — enfatiza.
Para enxugar a fila, os militares receberão do governo remuneração adicional de 30% para auxiliar no atendimento à população. Terão tarefas como atuar em balcão de atendimento, gerar senha, fazer recebimento de documentação, entregar de extratos de benefícios. A medida representa um investimento menor do que a contratação de pessoal sem vínculo, que seria de 100%.
— São serviços que não demandam conhecimento de legislação previdenciária. Isso vai permitir que servidores que têm conhecimento possam se dedicar a análise dos processos – afirma.
A ideia é que as medidas sejam implementadas até abril. A partir daí, a equipe econômica tem uma perspectiva de, em seis meses, conseguir analisar o fluxo mensal de requerimentos.