O presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira (3) que o ataque feito pelos Estados Unidos a um comboio no Iraque, que resultou na morte do comandante de alto escalão da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã, deverá impactar o preço dos combustíveis no Brasil. Bolsonaro descartou tabelar o preço do produto para controlar impactos e disse que vai discutir o assunto com a equipe econômica e com o chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno.
— Tive algumas informações (sobre o ataque) nessa madrugada, e vou me encontrar com o Heleno (do GSI) para me inteirar sobre o que aconteceu para, depois, emitir juízo de valor — disse o presidente ao deixar o Palácio da Alvorada.
Apesar de admitir a preocupação com reflexos da crise internacional sobre a economia do país, o governo não pretende intervir em políticas de preços como o tabelamento.
— Que vai impactar, vai. Agora vamos ver nosso limite aqui, porque já está alto, e se subir mais, complica. Mas não posso tabelar nada. Já fizemos esse tipo de política de tabelamento antes e não deu certo. Vou agora conversar agora com quem entende do assunto — completou.
Bolsonaro não soube detalhar o que poderá ser feito para conter a alta dos preços dos combustíveis, já elevados no Brasil. Disse que vai tratar sobre o impacto da ação com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e com o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco. Ele voltou a reclamar do impacto dos impostos e dos valores do transporte. Disse apenas que, para que isso seja alterado, é preciso "quebrar o monopólio".
Cautela
O presidente não teceu comentários sobre a ação militar comandada pelos EUA que matou o general Qassim Suleimani. Os militares, que formam a principal base de apoio do governo, sempre se mostraram contrários a um alinhamento do Brasil com o governo de Donald Trump nos conflitos do Oriente Médio.
Na visão de generais próximos ao presidente, o país precisa manter uma posição neutra. Por outro lado, a ala ideológica do governo defende que o Brasil se posicione.
Desde que assumiu o governo, Bolsonaro defende maior aproximação política e ideológica com os EUA e com Israel, ambos adversários dos iranianos.
Ataque dos EUA
O general e herói iraniano Qasem Soleimani e o líder paramilitar iraquiano Abu Mehdi al-Muhandis morreram na noite de quinta-feira (2) em um ataque dos Estados Unidos com foguetes contra o aeroporto de Bagdá. Outras seis pessoas também morreram na ação.
O ataque ocorreu três dias após manifestantes pró-Irã tentarem invadir a embaixada americana na capital do Iraque. Segundo o departamento americano de Defesa, a ordem para liquidar Soleimani partiu diretamente de Donald Trump.