Os preços do petróleo subiam mais de 4% nesta sexta-feira (3), depois da morte de um general iraniano no Iraque por um ataque dos EUA, em meio ao temor de um conflito no Oriente Médio. Um bombardeio dos Estados Unidos matou, na quinta-feira (2), o general iraniano Qassem Soleimani e um dirigente pró-iraniano, no aeroporto internacional de Bagdá.
O Pentágono confirmou que o presidente Donald Trump havia dado a ordem de "matar" Soleimani depois do ataque de manifestantes pró-iranianos à embaixada americana em Bagdá, na terça-feira.
No meio da manhã, o barril de Brent subia 4,5%, até chegar a US$ 69,23, e o de WTI aumentava 4,1%, até US$ 63,71, frente ao temor dos investidores de um conflito na região.
As bolsas de valores também se viram afetadas. Frankfurt, Londres e Paris caíam nesta manha, após uma sessão de baixa nos mercados asiáticos.
– Há o temor de que o Irã tome represálias pelo assassinato de Soleimani – disse Thina Margrethe Saltvedt, uma analista da Nordea Markets, explicando que Teerã pode atacar "instalações petroleiras, ou infraestruturas de transporte".
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, pediu uma "severa vingança" pela morte de Soleimani.
Segundo Cailin Birch, uma economista da The Economist Intelligence Unit, os mercados temem, sobretudo, "um conflito mais amplo":
– A importância deriva menos da perda potencial dos abastecimentos de petróleo iraniano (...) do que do risco de que se possa deflagrar um conflito mais amplo que arraste Iraque, Arábia Saudita e outros.
– Também existe um risco significativo de que o Irã lance um ataque seletivo contra navios americanos na região, o que pode interromper os fluxos de petróleo no mar e fazer os preços continuarem a aumentar – acrescentou.
Os preços do petróleo dispararam em setembro, após os ataques contra duas instalações petroleiras da Arábia Saudita que reduziram brevemente à metade sua produção de produto cru. Trump responsabilizou o Irã por este ataque, assim como por outros contra alguns petroleiros que circulavam pelo Golfo.
– O mercado lembra muito bem o inesperado ataque com aviões não tripulados contra a Saudi Aramco [a petroleira saudita] no outono passado –afirmou Saltvedt.
Birch descarta, porém, a ideia de um conflito generalizado:
– Não esperamos um aumento de preços em um único dia, em termos percentuais, como os 10% de setembro de 2019, quando foram atacadas infraestruturas petroleiras sauditas –acrescentou.
Apesar de tudo, a morte de Soleimani representa um passo a mais na escalada nas tensões entre Estados Unidos e Irã.