O presidente Jair Bolsonaro defendeu nesta quinta-feira (19) a criação de gado em terras indígenas para reduzir o preço da carne no país. Ele afirmou que pretende incluir a regulamentação da agricultura e pecuária comerciais nesses locais na proposta de liberação da atividade de mineração.
A ideia inicial era que a proposta fosse enviada ao Poder Legislativo em setembro, mas acabou sendo adiada para o próximo ano.
— O preço da carne subiu. Nós temos de criar mais bois aqui, para diminuir o preço da carne, e eles podem criar boi — disse o presidente na entrada do Palácio do Alvorada.
Em novembro, a inflação oficial teve aumento de 0,51%, puxada pela alta da carne. O produto sofreu disparada com o aumento das exportações para a China. O avanço das áreas de pecuária e de agricultura no Centro-Oeste e no Norte contribuem com o desmatamento na floresta amazônica.
Na entrada da residência oficial, o presidente cumprimentou dois indígenas e defendeu que eles tenham o direito de arrendar terras para a agricultura, o que hoje não é permitido.
— O índio vai poder fazer em sua terra o que o fazendeiro faz na dele. Se quer pegar a sua terra e arrendar para alguém plantar soja ou milho, faça isso, respeitando a legislação nossa — acrescentou.
Em tese, a legislação permite ao indígena usufruir da terra para a sua sobrevivência. Há casos em todo o país de índios que plantam produtos agropecuários e comercializam para gerar renda.
Nos primeiros nove meses da atual gestão, o número de invasões a terras indígenas no país explodiu, segundo dados preliminares divulgados pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em todo o ano passado, foram registrados 111 casos do tipo em 76 terras indígenas. Somente de janeiro a setembro deste ano, o número pulou para 160 invasões em 153 terras indígenas.