O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta quinta-feira (19) que declarações sobre o AI-5 e sobre queimadas na Amazônia dadas pelo presidente Jair Bolsonaro e membros do governo afugentam investidores e diminuíram crescimento do país em 2019.
– É ruim para o governo, né? Fica falando de AI-5, fica falando de queimada, aí o investidor não coloca dinheiro no Brasil. Aí a economia ia crescer 2,5% este ano e vai crescer 1%, para mim, culpa dessas declarações. E se continuar com isso, ano que vem que pode crescer 2,5% também vai crescer menos. É uma questão de bom senso – disse durante reunião com jornalistas na residência oficial da Câmara.
Questionado sobre se em algum momento teve medo de que o governo passasse a ter uma postura mais autoritária, para além de declarações como a do filho do presidente Eduardo Bolsonaro e o ministro de Economia, Paulo Guedes, sobre um "novo AI-5", Maia disse que nunca viu essa possibilidade.
Apesar disso, disse que as declarações geram insegurança e prejudicam o próprio governo.
— Há um compliance de muitas empresas de que o tema "meio ambiente" é relevante, democracia é relevante. Não há nenhum do presidente que vá ao encontro do que disse o Eduardo e do que disse o Paulo Guedes, mas é o filho e o ministro da Economia, então vai gerando insegurança. Atrapalha o Brasil, óbvio, mas atrapalha também o governo do próprio presidente — afirmou.
— Com a queda da taxa de juros e a inflação, você tem um espaço enorme, como já está acontecendo internamente, de sair do mercado de renda fixa e caminhar para o mercado de capitais. Isso já está acontecendo com dinheiro de brasileiros, os estrangeiros para valer não entraram com dinheiro novo. Essas declarações atrasam a entrada — disse.
Em entrevista à jornalista Leda Nagle, em outubro, o deputado Eduardo Bolsonaro afirmou que "se a esquerda brasileira 'radicalizar', uma resposta pode ser 'via um novo AI-5'". Um dia depois, ele disse que foi "um pouco infeliz" na declaração.