Dimensão em que os gaúchos estão mais distantes do topo no Índice de Desenvolvimento Estadual — Rio Grande do Sul (iRS), a educação depende de uma série de ações conjuntas para avançar no Estado, apontaram especialistas durante fórum sobre o indicador, nesta quarta-feira (21), na PUCRS, em Porto Alegre. Segundo eles, medidas isoladas não terão fôlego suficiente para provocar retomada e resolver a totalidade dos problemas dentro das salas de aula.
Em sua sexta edição, divulgada no último dia 14, o iRS é fruto de parceria entre Zero Hora e PUCRS. Para medir a qualidade de vida nas 27 unidades da federação, o indicador avalia resultados de três dimensões. Além de educação, padrão de vida e, reunidas, segurança e longevidade, entram no estudo, que contemplou dados de 2017 — os mais recentes à disposição em bases públicas.
No ranking geral, o Rio Grande do Sul caiu da quinta para a sexta posição, ao ser ultrapassado por Minas Gerais. A queda reflete a piora em variáveis de educação. Na lista específica dessa dimensão, os gaúchos despencaram ao segundo pelotão nacional. Em 2017, passaram do 11º para o 14º lugar na área, com média inferior à brasileira.
Mediado pela colunista de GaúchaZH Rosane de Oliveira, o fórum desta quarta-feira teve a participação de Ronald Krummenauer, secretário estadual de Educação no governo José Ivo Sartori, e Sandra Lemos, vice-reitora da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs).
Krummenauer observou que, sem ações conjuntas, "não basta apenas aumentar o valor dos repasses públicos à educação", por mais que a medida seja "importante". Em sua fala, o ex-secretário ainda sugeriu a busca por maior "integração" entre as redes de ensino estadual e municipal.
Em 2017, uma das variáveis que puxaram para baixo o desempenho gaúcho em educação foi o aumento na taxa de distorção idade-série no Ensino Médio. O indicador subiu pelo segundo ano seguido, de 30,6% para 33,3%. Ou seja, de cada cem alunos, 33 tinham pelo menos dois anos de atraso escolar.
— A distorção vem desde o Ensino Fundamental, quando, por exemplo, um menino deixa de estudar para trabalhar e ajudar a família. Tratar isso desde as primeiras séries é fundamental — disse. — As saídas passam por equilibrar os recursos destinados à área e não tratar a educação apenas como modelo de ensino, mas, sim, de sociedade — acrescentou.
Para Sandra, o Estado vive "apagão" na área. Em sua manifestação, a vice-reitora da Uergs também lamentou a "perda de prestígio" da profissão de professor no país, apesar da importância da função dentro da sociedade.
— Sem políticas públicas de qualidade, não há possibilidade de melhora no quadro. Professores precisam ser consultados. Só acredito em uma sociedade em que todos sejam responsáveis pela educação — afirmou.
O professor da Escola de Negócios da PUCRS e coordenador do iRS, Ely José de Mattos, foi o responsável pela abertura do fórum. O economista destacou que o estudo busca fomentar o debate sobre o nível de desenvolvimento gaúcho.
— Os resultados da pesquisa não são animadores. Por muito anos, o Rio Grande do Sul foi considerado a Europa brasileira. Hoje, não é mais — sublinhou.
O iRS
Com foco na vida real e formato simplificado, o índice é fruto de parceria entre Zero Hora e PUCRS. O indicador, criado em 2014, aponta o desempenho dos Estados e do Distrito Federal em três dimensões: padrão de vida, educação e, reunidas, segurança e longevidade. O iRS tem o mesmo referencial teórico do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) — lançado em 1990 como complemento a levantamentos que avaliam apenas a dimensão econômica do desenvolvimento.