O presidente Jair Bolsonaro admitiu estar disposto a conversar com o ministro Paulo Guedes, da Economia, sobre a criação de um imposto nos moldes da CPMF, em substituição a outros tributos.
— Vou ouvir a opinião dele (Guedes). Se desburocratizar muita coisa, diminuir esse cipoal de impostos, essa burocracia enorme, eu estou disposto a conversar. Não pretendo, falei que não pretendo recriar a CPMF — disse nesta quinta-feira (22) ao deixar o Palácio da Alvorada.
Questionado sobre o tema, Bolsonaro comentou declaração feita por Guedes na quarta (21).
— O que ele complementou? A sociedade que tome decisão a esse respeito. Ele pode falar "vou botar 0,10% na CPMF e em consequência acabo com tais e tais impostos". Não sei. Por isso que eu evito falar com vocês, vocês falam que eu recuo — disse.
Em evento em São Paulo com empresários e executivos, Guedes defendeu a volta de um imposto sobre transações financeiras. O ministro disse que prefere "abraçar um imposto horroroso" se, com isso, conseguir desonerar a folha de pagamento.
— É o (ponto) controverso (da reforma tributária). Vamos deixar esse dilema. Querem 20% de encargos trabalhistas e 13 milhões de pessoas sem emprego? Deixa do jeito que está. Eu preferiria não ter de recorrer a isso, mas acho a oneração de folha de pagamento um crime contra brasileiros — afirmou.
A volta de um imposto sobre transações financeiras é uma bandeira do Secretário da Receita, Marcos Cintra, na proposta de reforma tributária. O projeto de criação de um imposto único semelhante a CPMF, contudo, é polêmico.
Além do presidente Jair Bolsonaro ter criticado inicialmente a proposta, recentemente, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reforçou a oposição à proposta. Maia vem dando declarações públicas de que a CPMF não será aprovada pelos deputados.
O governo pretende encaminhar em breve ao Congresso um projeto para alterar a estrutura de impostos do país.