O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta quinta-feira (11) que, mesmo com a aprovação de destaques que possam aliviar algumas categorias, como professores, é possível manobrar para manter a economia prevista no texto-base da reforma da Previdência — aprovado na última quarta-feira por 379 votos contra 131 (10).
Ao chegar à Câmara no início da tarde, Maia afirmou que não há risco de desidratações à economia projetada pelo texto principal da reforma, que gira em torno de R$ 1 trilhão em dez anos.
— Para mim, todos aqueles que votaram a favor da reforma tendem a defender basicamente o texto que foi aprovado — disse. — Não acredito que os partidos que defenderam e votaram o texto principal tendem a desidratar a matéria de forma a prejudicar o que foi aprovado — completou.
Mesmo que alguns destaques passem, Maia acredita ser possível recuperar a economia em outros pontos, mantendo a previsão de poupança do texto principal.
— Professor é um tema sempre muito difícil. Ele não tem esse impacto tão grande como está colocado. Da forma como está construído o acordo, tem uma emenda aglutinativa que a gente recupera quase toda perda da possível vitória desse destaque, se ela ocorrer— disse.
Votação dos destaques adiada
A votação dos destaques do projeto — alterações no texto principal — estava prevista para começar nesta manhã. No entanto, a sessão acabou sendo adiada por negociação entre líderes partidários e Maia envolvendo as mudanças e também pela exigência dos partidos do centrão de ter garantias de que o Planalto vai executar as emendas parlamentares prometidas.
De acordo com o presidente da Casa, a votação em primeiro turno deve ser encerrada nesta noite, enquanto o segundo turno seria concluído na sexta.
— Eu sou otimista, acho que a gente vai votar essa semana tudo. O resultado de ontem (quarta) é uma demonstração de uma grande maioria, 74% da Casa a favor da reforma. Acho que é importante encerrar esse assunto — defendeu.
Ele vê quórum para que os destaques sejam votados:
— Hoje tem 500 deputados na casa. Vamos trabalhar para segundo turno até sexta à noite.
O presidente da Câmara também explicou por que decidiu encerrar mais cedo a votação dos destaques na noite de quarta. Segundo ele, os próprios deputados estavam tendo dificuldade em compreender o que estava sendo apreciado.
— O primeiro destaque atingia frontalmente os municípios e os destaques, e tinha deputado ligado a prefeitos querendo votar a favor do destaque. Então aquela incompreensão poderia gerar algumas perdas por falta de análise mais profunda do texto — afirmou.
Maia também respondeu a um comentário feito pelo presidente Jair Bolsonaro, de que ele seria o general do governo na Câmara.
— Os generais estão apoiando muito do entorno do presidente também, não sei se é bom momento para ser general não — disse.
Se a Previdência passar nos dois turnos na Câmara, Maia vê espaço para que a Casa comece a tocar outros temas na próxima semana.
— Se não for LDO (lei de diretrizes orçamentárias), vamos ver o que a gente consegue votar — disse.
O recesso parlamentar começa no próximo dia 18 e se estende até o fim do mês.