Durou pouco mais de seis horas a trégua entre o ministro da Economia Paulo Guedes e a oposição na comissão especial que analisa a proposta de reforma da Previdência do governo. Guedes se exaltou após críticas de parlamentares da oposição, entre eles os deputados Ivan Valente (PSOL-SP) e Perpétua Almeida (PCdoB-AC).
— Depois de seis horas a baixaria começa. É o padrão da Casa. Ofensa...eu já entendi o padrão — afirmou ele.
O alvoroço no plenário começou depois que ele citou o caso de um assessor do deputado José Guimarães (PT-CE) flagrado com dólares na cueca em 2005.
— Também se eu googlar (sic) dinheiro na cueca vai aparecer coisa — disse.
Antes, Valente tinha questionado a agenda do governo e afirmou que o ministro poderia ser acusado do crime de responsabilidade por ter fornecido informações falsas sobre os cálculos usados na proposta de mudanças da aposentadoria.
— Eu quero falar também que, depois de seis horas, a escalada fica um pouco mais pessoal. Estou sendo ameaçado de crime de responsabilidade, estão entrando no Google para pegar coisas minhas. Eu já estou compreendendo um pouco mais como é que funciona a Casa — afirmou Guedes.
O ministro também criticou a deputada do PCdoB.
— Para a deputada Perpétua, depois eu vou para um canto e explico para ela o problema quando tentam confundir quem assaltou (o Brasil) — disse.
Ele citou a operação Greenfield, que investigou um esquema de desvios em fundos de pensão.
— Vai ver quem está na cadeia, vê quem está na justiça. E aí vamos saber quem assaltou os fundos de pensão e quem devolveu três vezes o dinheiro que eles colocaram sob má administração. Eu devolvi três vezes o dinheiro. Então eu não posso ser acusado do que vários companheiros da deputada podem estar sendo acusados — disse.
Durante a confusão, deputados da oposição ergueram a voz e protestaram na comissão. O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) passou a gritar "ele tem que pedir desculpas, ele baixou o nível."
Diferentemente da última sessão em que Guedes participou, porém, quando a reunião implodiu após uma discussão entre o ministro e o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), em que este chamou Guedes de "tchutchuca" e ouviu de volta que "tchutchuca é a vó", neste caso os ânimos se acalmaram.
Guimarães respondeu ao ministro e disse que não havia sido condenado na ação envolvendo o assessor. O ministro fez um mea culpa, afirmando que não tinha sido Guimarães que o tinha desrespeitado, e sim Perpétua Almeida.
— Vem sempre a primeira batida, eu talvez, tanto quanto o senhor, somos inocentes.
A seguir, a sessão foi interrompida, o ministro pediu desculpas a Guimarães e ambos apertaram as mãos.