O ex-ministro da Fazenda no governo Dilma Rousseff (PT), Joaquim Levy, será o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no governo de Jair Bolsonaro (PSL).
O banco será submetido ao novo superministério da Economia, que será coordenado pelo economista Paulo Guedes. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do novo ministro.
"Com extensa experiência em gestão pública, PhD em economia pela Universidade de Chicago, Joaquim Levy deixa a diretoria financeira do Banco Mundial para integrar a equipe econômica do governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro", afirma a nota.
Quem é Joaquim Levy
Engenheiro naval de formação, Levy possui doutorado em economia da Universidade de Chicago (EUA), a mesma de Paulo Guedes. Ele também foi secretário do Tesouro Nacional entre 2003 e 2006, durante o primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
De 2010 e 2014, Levy foi diretor do banco Bradesco. Para assumir a presidência do BNDES, Levy deixará a diretoria financeira do Banco Mundial, cargo que ocupa atualmente.
A resistência inicial de parte do grupo de assistentes de Jair Bolsonaro, devido à atuação no governo petista, foi quebrada pelas circunstâncias que apressaram sua saída da área econômica de Dilma, 11 meses após ter sido nomeado.
Com perfil austero, Levy recebeu a alcunha de “mãos de tesoura” na época em que integrou o governo do PT, em 2015. Apesar do status de superministro, obtido para colocar as contas públicas em dia, sofreu uma série de derrotas.
Além de receber críticas de aliados, que temiam cortes na área social, Levy acabou sendo visto com desconfiança também pelo mercado. O temor de investidores apontava para a falta de convencimento do Legislativo da necessidade de aprovação de cortes de despesas. Levy ficou conhecido pela franqueza ao comentar as ações econômicas do governo e a liderança da então presidente.
— Embora seja bem-intencionada, Dilma nem sempre age de maneira mais simples e eficaz — comentou em 2015, em evento fechado com empresários paulistas.
O estopim para sua saída foi o projeto enviado pelo Planalto ao Congresso prevendo a redução da meta fiscal para 2016, de 0,7% para 0,5%. Ele também não conseguiu barrar a redução da meta do superávit de 2015 — que acabou se transformando em déficit ao final do ano — e o envio da proposta de Orçamento com rombo de R$ 30,5 bilhões, o que resultou em danos à imagem do país junto a agências de classificação de risco.
Os embates com o então ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, apoiado pelo PT e com acesso livre à presidente Dilma, ampliaram os obstáculos às propostas de ajuste fiscal. Barbosa acabou herdando seu cargo.
Novos nomes de Bolsonaro
Nas próximas semanas, novos nomes da equipe econômica serão ser anunciados. Parte deles deverá sair do governo de Michel Temer.
O atual secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, é cotado para permanecer no cargo, assim como o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn. O assessor especial do Ministério da Fazenda, Marcos Mendes, também chama a atenção da equipe de Bolsonaro. O nome da atual secretária-executiva do ministério, Ana Paula Vescovi, é ventilado para a Caixa Econômica Federal.