Em entrevista divulgada nesta sexta-feira, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, praticamente admitiu estar deixando o governo, embora tenha evitado fazer a afirmação com todas as letras. Levy referiu-se ao governo como se já estivesse fora dele. Ele falou por telefone com o jornal O Estado de S.Paulo na noite de quinta-feira.
- O governo só fala do fiscal. Por quê? Eu não sei. Nunca entendi. Parece que tem medo de reforma, não quer nenhuma reforma - disse.
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Questionado sobre o porquê de a presidente Dilma Rousseff não fazer reformas propostas por ele, o ministro desconversou.
- Eu não posso falar pelos outros. Tem questões políticas. Ela está sob pressão - disse.
Levy discorreu sobre o que considerou seus maiores avanços, como a retomada da credibilidade econômica. Disse ter conseguido evitar mais "pedaladas" e brincou, dizendo que agora o seu caminho "é de paz interior".
- Estou tranquilo. Hoje o presidente (do BC, Alexandre) Tombini estava falando como o setor externo se recuperou. Porque a gente teve o realinhamento do câmbio. Você viu como o setor elétrico está se recuperando, porque teve o realinhamento dos preços do setor - disse - Mês passado teve o leilão, de R$ 17 bilhões, sem precisar tomar tudo emprestado do BNDES. Essa é uma reforma. Fazer uma privatização, uma outorga, sem ter de tomar dinheiro do próprio governo para pagar o governo, além de mostrar que você não precisa fazer tudo dependendo 100% do BNDES, você cria uma situação na qual eu evitei uma pedalada - completou Levy.
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* Agência Estado