Depois de três anos de espera devido a impasses políticos e ambientais, a última etapa para o começo da dragagem do Porto de Rio Grande foi cumprida nesta quinta-feira (25). Em cerimônia no cais, o ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Valter Casimiro, assinou a ordem de início da obra considerada fundamental para escoar a produção gaúcha e possibilitar a chegada de importações em larga escala ao Estado.
A expectativa é de que a operação para a retirada de até 16 milhões de metros cúbicos de sedimentos depositados ao longo dos 30 quilômetros do canal comece na segunda-feira (29), depois da liberação da Marinha para o maquinário poder operar.
— As primeiras máquinas chegam amanhã (26) aqui no porto e em janeiro esses equipamentos dobram (de número) para poder cumprir o prazo da obra — disse o ministro à Rádio Gaúcha assim que desembarcou na cerimônia.
Com limite de 10 meses para conclusão, a dragagem será realizada pelo consórcio das empresas Jan De Nul e Dragabrás, com investimento de cerca de R$ 300 milhões do governo federal — o valor final depende da quantidade exata de sedimentos que será removida.
De acordo com o superintendente do Porto do Rio Grande, Janir Branco, a obra fará com que o local não apenas cumpra todos os contratos firmados — lembrando que navios carregados de soja já ficaram impedidos de navegar —, como tenha sua capacidade ampliada, já que poderá receber embarcações de até 365 metros de comprimento — 29 metros a mais das que atualmente acessam o canal.
— Já temos empresas que manifestaram interesse em trazer navios desse porte e que operam nos principais portos do mundo — afirma Branco. — Significa, para o Estado, um ganho de escala, econômico e competitividade.
Realizada pela última vez em 2013, a dragagem no canal deveria ser realizada a cada dois anos para impedir o assoreamento e permitir a navegação em segurança. Em 2015, o governo federal assinou um contrato com o consórcio das empresas Jan De Nul e Dragabrás para realizar o serviço, mas a demora na licença ambiental vinha impedindo que a obra saísse do papel.
Para conseguir a aprovação do Ibama, o governo estadual e a superintendência do porto aceitaram suprimir obras de aprofundamento e alargamento de alguns trechos, o que aumentaria ainda mais a capacidade de navegação, mas que exigira um projeto novo.
A fim de não perder os recursos já aprovados, o volume de dejetos a serem retirados foi reduzido em 2,7 milhões de metros cúbicos, caracterizando apenas manutenção, e não ampliação do canal.
Ainda, assim existe possibilidade de aumentar o calado, que é a profundidade máxima autorizada para uma embarcação. Conforme o superintendente, na última obra de aprofundamento do canal, há mais de oito anos, a empresa contratada demorou a fazer a batimetria (aferição da profundidade) e o canal acabou assoreando. Com isso, Marinha não homologou o novo calado, que permaneceu com limite de 12,8 metros.
— Agora, com a retirada dos sedimentos, poderemos chegar nos 14 metros, porque o Porto já teve isso. Só precisamos fazer a batimetria (ao final da obra) e obter a aprovação da Marinha para permitir a navegação de navios ainda maiores e carregados — afirma Branco.
Segundo ele, desta vez, a batimetria faz parte do contrato da mesma empresa que executará a dragagem, por isso, acredita que será feita no tempo hábil.
Como o Porto de Rio Grande seguirá operando durante as obras, as cargas poderão continuar chegando e saindo no sul do Estado.