Pelo segundo mês consecutivo, o Rio Grande do Sul registrou números negativos na geração de emprego formal. Em maio, o Estado abriu 83.192 vagas e fechou outras 93.919, gerando saldo de -10.727, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados na tarde desta quarta-feira (20). Com o resultado, o RS amargou a pior colocação no país, seguido por Santa Catarina (-4.484) e Rio de Janeiro (-3.139).
Esse é o quarto pior saldo para maio no Estado na série histórica, desde 2003, perdendo apenas para o mesmo período de 2016 (-15.829), de 2015 (-15.815) e de 2017 (-12.360). Em abril, o RS fechou 1,2 mil vagas formais de emprego. Na ocasião, o Estado registrou o segundo pior saldo no país. No acumulado do ano, o RS registra saldo positivo de 32.620.
Em maio deste ano, Vacaria (-776), na Serra, Canoas (-552) e Novo Hamburgo (-447), ambos na Região Metropolitana, foram os três municípios com os piores saldos no RS. Na outra ponta da lista, Venâncio Aires (+786), no Vale do Rio Pardo, Caxias do Sul (+742), na Serra, e Tramandaí (+140), no Litoral Norte, figuraram entre as três cidades com melhores resultados.
A agropecuária, assim como em abril, foi o setor com pior desempenho, fechando 3.859 vagas. Dos outros sete setores pesquisados, apenas a Construção Civil ficou no azul em maio, com saldo tímido de 20 postos de trabalho abertos.
O economista-chefe do Sistema Farsul, que representa a agricultura do Estado, Antonio da Luz, afirmou que o panorama negativo no mês de maio da agropecuária é normal, pois o período é de fechamento de vagas no campo:
— É um movimento absolutamente sazonal. Nesse período, diversos contratos temporários são encerrados. As contratações no setor tendem a voltar no mês de setembro.
O economista ressaltou que um recorte em um período maior, contemplando no mínimo os próximos dois meses, pode indicar outros fatores que estão contribuindo para os números negativos no setor.
— Os setores de leite, suínos e aves estão enfrentando problemas, mas apenas a análise do mês de maio não pode indicar que eles estão influenciando nesse saldo negativo.
Segundo Luz, somente um estudo mais detalhado dos próximos meses poderá indicar se a crise nessas áreas, causada por baixa demanda no mercado interno, altas tarifas e embargos no Exterior, está influenciando os números ruins em geração de emprego na agropecuária.
No entendimento do especialista, a greve dos caminhoneiros e o impasse em relação ao tabelamento do preço mínimo dos fretes engrossam a situação adversa nesses campos de produção.
— O mês de maio é caracterizado por queda no nível de emprego no Rio Grande do Sul. A baixa tem o impacto do final da safra. Com a economia patinando, o setor agropecuário foi ainda mais atingido pela greve dos caminhoneiros — menciona o professor de Economia do Trabalho da UFRGS Giácomo Balbinotto Neto. — A situação no mercado continua grave. O quadro ainda vai levar tempo para melhorar — acrescenta.
Brasil
No país, o saldo entre contratações e demissões foi positivo pelo quinto mês consecutivo. O Brasil fechou maio com 33.659 postos de trabalho abertos após 1.277.576 admissões e 1.243.917 desligamentos. Com esse resultado, 2018 já acumula 381.166 novos postos de trabalho, uma variação de 1,01%, segundo o Ministério do Trabalho.