Após o ministro do Gabinete de Segurança Institucional Sérgio Etchegoyen afirmar que o governo usaria "todo o poder de polícia" para garantir o desconto de R$ 0,46 nos postos de combustíveis, o ministro da Casa Civil Eliseu Padilha, em entrevista à rádio CBN, admitiu que o desconto praticado será de R$ 0,41.
— Ninguém pode deixar de dar os 41 centavos. Ninguém que comprou combustível depois do dia 1º de junho. Quem tinha estoque antigo, esse óleo do estoque antigo pode ser vendido pelo preço sem o desconto, porque ele comprou sem o desconto. O óleo que foi adquirido a partir do dia 1º de junho, o desconto mínimo que ele terá é de 41,4 centavos — afirmou o ministro Eliseu Padilha.
Na entrevista, Padilha foi questionado por qual razão o governo cobrava das distribuidoras o desconto de R$ 0,46, uma vez que ele não seria o valor correto.
— Eu continuo falando nos 46 centavos. Eu não posso impor a quem tinha estoque antigo de óleo ou a quem tem peso de pauta da tributação esse desconto de 46 centavos. O impacto do desconto no preço final acontecerá impreterivelmente daqui até o dia 15, por que se faz o preço de pauta de 15 em 15 dias. O preço que virou do dia 1 ao dia 15 não incorpora esse desconto na maioria dos casos. Então, ele incorpora apenas o desconto de 41 centavos que é pacificado — disse Padilha.
No dia 1º de junho, entidades que representam empresas do setor afirmaram que o desconto de R$ 0,46 no litro do óleo diesel não iria chegar ao consumidor final sem a participação dos Estados. De acordo com Federação Nacional dos Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) e a Associação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Lubrificantes, Logística e Conveniência (Plural), na ânsia de conter a greve dos caminhoneiros, o governo federal deixou fora dos cálculos os 10% de biodiesel que obrigatoriamente precisam ser misturados ao diesel nas distribuidoras. A posição das duas entidades é endossada pelo Sulpetro, sindicato representante dos postos no Rio Grande do Sul.
Na prática, o diesel que chega nas distribuidoras recebe adição de biodiesel, produto não contemplado nos descontos anunciados pelo governo. Por isso, cada litro de combustível a ser revendido aos postos pelas distribuidoras contém apenas 90% do produto com desconto, o que impede o abatimento de R$ 0,46 por litro sem prejuízo à cadeia, explica o presidente da Sulpetro, João Carlos Dal'Aqua.