Abril e maio são os meses de mais vendas para as malharias da Serra que recebem os pedidos de lojistas para o inverno. Mas os shoppings de malhas, principalmente os que vendem só para atacado, são os mais impactados com a falta de frio até agora; eles estão com movimento menor de excursões em relação ao mesmo período do ano passado.
De acordo com a presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e Malharias da Região Nordeste do RS (Fitemasul), Paola Reginatto, é característico do perfil de consumo dos lojistas do ramo aguardar o frio para comprar.
— Tanto que, em invernos muito rigorosos, chega a faltar mercadoria. Isso ocorre porque é uma questão de fluxo de caixa, pela falta de condições financeiras para compras maiores, até pela questão dos juros altos. Então, esta economia é muito dinâmica. A agilidade desses negócios é muito grande — explica.
Os municípios com mais malharias são Farroupilha e Nova Petrópolis, sendo que a primeira cidade concentra o maior volume de vendas e de shoppings. A base da Fitemasul congrega 23 cidades e cerca de 500 empresas. Embora a falta de frio deixe o lojista inseguro, o sindicato trabalha com previsões meteorológicas estendidas de que o inverno deste ano será típico. Como no ano passado o frio foi menos rigoroso, a expectativa é de crescimento real de 5% no faturamento das empresas em 2018.
— Vai ser um ano de estações bem definidas. Atualmente estamos no outono e percebemos durante à noite o ar mais gelado. Tivemos dias com calor fora de época, o que é tradicional na transição para o inverno; mas o mercado fica agitado porque, nesse período, já estão mudando as coleções e a expectativa é que o clima contribua com o visual da vitrine — destaca Paola.
Diretor Geral da Gida Malhas de Caxias do Sul, Nelso Giacomin destaca que o movimento de lojistas neste ano está muito menor, nesta época, em comparação ao mesmo período do ano passado. Em 2017, muitos compradores fizeram estoques, com medo de ficar sem produtos - situação pela qual haviam passado em 2016, quando o inverno foi rigoroso. Membro da Associação dos Centros de Compras da Serra Gaúcha (Acecors), ele também observa que as excursões que chegam neste mês de abril estão com pouca gente e comprando menos.
— A nossa expectativa é que esfrie antes do Dia das Mães — torce o empresário.
Conhecendo o comportamento de consumo do setor diante da dependência do clima, malharias da região vêm trabalhando nos últimos anos com a maior parte dos produtos voltada para temperaturas intermediárias, a fim de terem maior flexibilidade nas vendas.