O presidente de sindicato de distribuidoras de combustíveis do Rio Grande do Sul, Roberto Tonietto, afirma que o movimento de baixa repentina do preço da gasolina em Caxias do Sul é uma questão de mercado e, por isso, está com os dias contados. Segundo o representante da entidade, que congrega cerca de 10 empresas, os preços baixaram porque o mercado quis recuperar as vendas, o que provocou um movimento generalizado para que as distribuidoras e revendas não perdessem mercado.
— É interessante em um primeiro momento para o consumidor e ele tem que aproveitar mas, com certeza, esse movimento é insustentável e nos próximos deve ter um realinhamento dos preços — destaca.
Na composição do preço total, cerca de 40% é do custo do produto na refinaria e quase 45% de impostos que incidem sobre o combustível. A única maneira de reduzir mais de R$ 0,50 no preço da gasolina seria mexer no custo de distribuição e na margem de lucro.
— Certamente zerou a margem dos postos e zerou a margem das distribuidoras. Esses 13% que foram reduzidos tem todo o custo de frete, manutenção, mão de obra... É impossível zerar por um período muito longo — explica.
Por isso, o presidente do sindicato prevê que em poucos dias os preços podem chegar a R$ 4,40, baseado no custo do produto com impostos que é de cerca R$ 3,80, sem desconto de distribuidoras, e mais os cerca de R$ 0,60 de custos da revenda, já incluindo a margem de lucro que costuma girar em torno de 1% a 2%.
Tonietto diz que a tendência é, que assim como o valor baixou rapidamente para o consumidor, a elevação ocorra da mesma forma.
— Essas guerras de preços, como trabalhamos no Brasil todo, costumamos considerar normal em algumas cidades. Já tivemos casos em Florianópolis, Curitiba e Itajaí e agora veio para Caxias.
Embora acredite que os postos da cidade não aguentem manter o movimento por muito mais tempo, já que são quase duas semanas em um patamar de preço que, em alguns casos, chega a ser abaixo de R$ 3,75, o representante das distribuidoras diz que, quanto mais tempo durar, maior o risco de agravar a situação financeira das empresas.
Ele não descarta o risco de fechamento e quebra de negócios, principalmente se as investigações do Ministério Público Federal e Procon comprovarem irregularidades como a venda do combustível com preço inferior ao de compra. Tonietto ressalta, porém, que é uma decisão administrativa de cada empresa continuar com o que chama de "guerra dos postos".