Como um posto de combustíveis de uma mesma rede do Estado consegue vender gasolina a R$ 4,39 o litro em Porto Alegre e a R$ 3,75 em Caxias do Sul? A resposta está no subsídio de distribuidoras apenas para um dos municípios, segundo o diretor-presidente da Rede SIM, Neco Argenta, que tem 130 postos no sul do Brasil. Conforme o empresário, "não existe mágica", já que o preço menor na cidade da Serra é fruto de negociação com as distribuidoras e também depende de as revendas abrirem mão da margem de lucro.
— Essas práticas de preços diferenciados acontecem no mundo inteiro. Nós não temos a capacidade de vender produto com preço menor do que o que pagamos, mesmo com a rede de mais cem postos e a força da marca. O que acontece em momentos específicos como esse é que as distribuidoras que têm condição diferenciada subsidiam essa atuação — afirmou o dono da rede em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha.
O último levantamento da pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP) para Caxias, no dia 17 de fevereiro, apontou o preço de compra dos postos de combustíveis de R$ 3,86 pelo litro da gasolina, acima do preço de venda nas bombas nesta semana na maioria dos postos da cidade. A rede SIM trabalha com Ipiranga, BR e Shell e Argenta afirma que essas distribuidoras estão repassando os preços menores:
— Não vendemos por menos do que o preço de custo, porque isso é chamado de dumping. Nós não fomos os primeiros a baixar, observamos o mercado e fizemos a análise de preço.
O dono da rede de postos acrescenta, no entanto, que não há informações sobre até quando as distribuidoras manterão o preço menor para Caxias e o motivo de a cidade ter sido a escolhida. Na semana passada, o Procon informou que está investigando uma denúncia de dumping, de que os preços praticados abaixo de mercado são para eliminar a concorrência de postos sem bandeira.
Na opinião do empresário que comanda mais de 130 postos, trata-se de uma política de mercado, com questões estratégicas, que não necessariamente servem para "esvaziar" postos sem bandeira. Argenta acredita que estes tipos de promoções devem ocorrer com maior frequência pela sensibilidade do mercado com relação aos preços dos combustíveis.
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