O efeito dominó causado pela paralisação das fábricas passou pelos serviços e comércio e chegou também ao mercado imobiliário. Após três anos seguidos de quedas, o número de metros quadrados aprovados para construção em Caxias do Sul voltou a subir no primeiro bimestre. Em janeiro e fevereiro, foram
55,6 mil, 31% acima de igual período do ano passado. De 2014 a 2017, a retração foi de 70%, mostram os dados do Sindicato da Indústria da Construção (Sinduscon) de Caxias do Sul.
— Sentimos retomada tímida, prudente. As construtoras estão planejando fazer mais lançamentos no segundo semestre ou no próximo ano, quando o cenário estiver mais claro — diz o diretor de indústria imobiliária do Sinduscon, Rafael Rihl Tregansin, referindo-se à incógnita que ainda é a corrida ao Planalto.
Tregansin lembra que, com o início da crise e as demissões nas fábricas da cidade, as vendas despencaram em todos os segmentos de imóveis. Quem não perdeu o emprego pela reestruturação das empresas ficou com medo de ser o próximo. A coragem para assumir um financiamento de longo prazo, avalia, aparecerá apenas quando houver maior estabilidade no mercado de trabalho. Para o dirigente, é possível que a aprovação de projetos para lançamentos aumente 20% sobre os 394 mil metros do ano passado. Mesmo assim, distante dos 1,32 milhão de 2014.
O mercado de locações também sofreu, mas começa a se recuperar, diz o presidente da Associação das Imobiliárias de Caxias do Sul, Omar Borges. Apesar de não existirem números precisos, estima que o volume de aluguéis caiu cerca de 30% durante a crise, e os valores, em torno de 20%.
— Não temos dados disponíveis, mas nossos associados estão notando a volta dos clientes — afirma Borges.
Pela pujança de suas empresas, Caxias do Sul costumava atrair grande contingente de pessoas de outras cidades em busca de colocação, o que impulsionava a locação residencial. A crise forçou o refluxo. Com os clientes acuados, os negócios corporativos também sentiram. A esperança é de que, agora, comece a ser revertido o cenário de lojas fechadas e pontos comerciais vazios que vicejou no período mais agudo da recessão no principal município da serra gaúcha.