A Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) projeta que a economia brasileira seguirá trajetória de retomada, embora em ritmo lento. Para 2018, a indicação da entidade é de que o Produto Interno Bruto (PIB) nacional crescerá 2,7%.
Divulgada nesta terça-feira (5), a estimativa para o cenário base é de que a alta esteja relacionada a fatores como reação do consumo das famílias, inflação em baixa e cortes no juro básico. Segundo a Fiergs, o PIB deverá retomar só em 2020 o nível em que estava em 2014, o que faria da recuperação "a mais lenta da história".
– A previsão é baseada em aspectos como as quedas na inflação e no juro. O cenário é de recuperação cíclica – frisou o economista-chefe da entidade, André Nunes de Nunes, durante apresentação anual, em Porto Alegre, sobre o comportamento da atividade.
Entre os setores, a Fiergs prevê duas altas. A estimativa aponta que a indústria avançará 3,2% e serviços, 2,6%. No sentido contrário, a agropecuária deverá colher o único resultado negativo, de 2,5%, depois da supersafra de 2017.
– Estamos fechando um ano difícil. Começamos 2017 bem, até abril e maio. Então, surgiu o episódio de Joesley Batista (executivo do JBS preso pela Lava-Jato), que atrasou a retomada. A reação começou novamente – resumiu o presidente da Fiergs, Gilberto Porcello Petry.
Durante a apresentação, a entidade também apontou que a alta de 2,7% do PIB poderá oscilar, para cima ou para baixo, de acordo com o comportamento de algumas variáveis, como a safra agrícola. Conforme a Fiergs, a recuperação poderá ser mais intensa se o crescimento do consumo das famílias for até mais robusto do que o esperado. Nessa situação, o avanço do PIB chegaria a 3,2%. No sentido contrário, a alta da economia poderá ser inferior, de 1,8%, caso incertezas freiem a reação.
Para a Fiergs, há pelo menos quatro obstáculos que prejudicam a retomada da economia. Além do surgimento de incertezas e da existência de crise fiscal no setor público, as empresas ainda encaram grande ociosidade e o mercado de trabalho segue deteriorado.
– A recuperação é prejudicada pelos investimentos das companhias, que tiveram 14 trimestres de queda. Também há incerteza muito grande no plano fiscal. Há dificuldades para ajustar as contas públicas – sublinhou Nunes.
Inflação comportada e juro baixo
No cenário base, a Fiergs ainda estima que a inflação oficial, medida Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fique em 4,1% em 2018. Se a previsão for confirmada, o indicador ficará dentro da meta perseguida pelo Banco Central (BC), cujo centro é de 4,5%.
Além disso, a entidade estima que o juro básico seguirá em patamar semelhante ao atual. Conforme a Fiergs, a Selic deverá encerrar o próximo ano em 7%, mesmo com as recentes altas nos combustíveis, que poderiam fazer com que a taxa fosse elevada pelo BC para manter a inflação sob controle.
– Não acreditamos em grande aceleração da inflação em 2018. O Banco Central não costuma mexer muito no juro antes das eleições, até para não ser chamado de eleitoreiro – avaliou Nunes.
Para o mercado de trabalho, também no cenário base, a previsão da Fiergs é de que o Brasil gere 572 mil empregos. A avaliação da entidade é de que já houve reação no mercado de trabalho, muito influenciada pelo aumento na informalidade.
– Precisamos de reformas estruturais. A trabalhista foi muito importante porque mudou formas de atuação – comentou Nunes.
Previsão para fechamento de 2017
Nesta terça-feira (5), a Fiergs ainda atualizou sua previsão para a alta do PIB brasileiro em 2017. Na avaliação da entidade, a economia fechará este ano com avanço de 0,7%.
A nova estimativa é levemente superior à projetada em dezembro de 2016. Na época, a previsão no cenário base apontava para alta de 0,5% em 2017.