Em palestra a empresários e executivos na manhã desta sexta-feira (10) em Porto Alegre, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, defendeu a agenda de reformas do governo Michel Temer, condicionando o crescimento sustentável da economia à aprovação das mudanças na Previdência. De acordo com Meirelles, se nada for feito, os gastos públicos irão alcançar o patamar de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) em 10 anos.
— Teremos uma queda da produtividade, em função do tamanho muito grande do governo. E não é possível financiar isso com aumento da tributação. Então, a reforma da Previdência não é uma escolha. É uma questão de sustentabilidade — apregoou.
Em contrapartida, o ministro projetou um crescimento anual de 3,5% a 4% da economia caso a reforma da Previdência seja aprovada e o teto de gastos, respeitado. Ele disse, ainda, que um texto substitutivo da reforma deve ser apresentado pelo relator da proposta na Câmara na próxima semana.
Meirelles esteve em Porto Alegre para palestra no Brasil de Ideias, evento realizado pela revista Voto, com promoção do Grupo RBS. Nos 33 minutos em que falou aos líderes empresariais, o ministro fez um histórico das sucessivas crises econômicas vividas pelo país nos últimos 60 anos. Para Meirelles, o Brasil sempre adiou o enfrentamento da questão fiscal.
O economista citou dados do quadro econômico de um ano atrás, no ápice da pior recessão da história, comparando os indicadores com o cenário atual. Em novembro de 2016, disse Meirelles, a inflação era de 7,9%, a taxa Selic estava em 14% e o PIB havia diminuído 2,3% no trimestre. Após a aprovação do teto de gastos, o ajuste fiscal e as mudanças implementadas pela atual equipe econômica, os juros caíram à metade, o desemprego caiu, a inflação deve fechar o ano em 2% e a estimativa de crescimento do PIB para 2018 é de 2,5%.
— O país está fazendo reformas fundamentais que irão influenciar a economia nas próximas décadas — assegurou.
Meirelles adiantou à plateia mudanças em discussão no governo, como a simplificação do sistema tributário e nos procedimentos para abertura de empresas, projetou a criação de seis milhões de empregos próximos 10 anos, fruto da reforma trabalhista, e defendeu a melhoria na qualidade do ensino como elemento para aumento da produtividade.
O ministro, que começou a palestra com uma hora e 20 minutos de atraso, não falou sobre o plano de recuperação fiscal do Rio Grande do Sul, mas citou algunas indicadores da retomada da economia gaúcha. Meirelles teria audiência reservada com o governador José Ivo Sartori, à tarde, no Palácio Piratini, mas a agenda acabou cancelada. Eles conversariam durante almoço oferecido ao ministro na Fiergs:
— Estamos convictos de que teremos boas surpresas na economia e que a região Sul vai ser muito importante nesse processo.
Ao final, perguntado por um dos mediadores sobre suas pretensões políticas, desconversou, afirmando que dedica todo seu tempo à recuperação da economia.
— No devido tempo, pode-se pensar, ou não, em outra alternativa — despistou.