O anúncio da venda das ações do Banrisul pegou de surpresa a Assembleia e recebeu críticas da oposição ao governo de José Ivo Sartori. Embora a operação não precise do aval do Legislativo para se concretizar, os deputados reclamam do que classificam como "falta de diálogo".
Na avaliação de Pedro Ruas (PSOL), a oferta de ações "não resolverá os problemas financeiros" e, por se tratar de patrimônio público, deveria ter sido debatida antes com a sociedade. Ruas pediu audiência pública na Comissão de Finanças, Planejamento Fiscalização e Controle para ouvir a Secretaria da Fazenda e a chefia da Casa Civil sobre a situação das contas públicas e o plano de recuperação fiscal.
— Ninguém sabia dessa decisão sobre o Banrisul, e isso não é republicano. O governo age como se fosse dono das informações. A Assembleia não pode simplesmente ficar sabendo das coisas pela imprensa. É um absurdo — diz Ruas.
O deputado Tarcisio Zimmermann (PT) também atacou a decisão do Piratini:
— O patrimônio do Estado junto ao banco ficará muito pequeno. É um negócio ruim, de desesperados. É como vender a vaca para poder tomar o leite hoje e, amanhã, ficar sem nada.
Para o governo, medida visa ao equilíbrio fiscal
Um dos principais críticos à adesão do Estado ao regime de ajuste do governo federal, Luis Augusto Lara (PTB) afirma que a venda deveria ser condicionada a investimentos.
— Sou muito pragmático. O que questiono, nesse caso, é a finalidade da venda. Sou radicalmente contra a vender patrimônio para pagar juros a banco, sendo que estamos questionando esses juros na Justiça. É isso o que vai acabar acontecendo — afirma Lara.
Líder do governo na Assembleia, Gabriel Souza (PMDB) rebate os críticos, que define como "caranguejos do balde sem tampa". Segundo ele, a medida ajudará a fortalecer o Banrisul com o ingresso de capital privado e injetará dinheiro em caixa. Além disso, deixa clara a preocupação de Sartori em sanar as contas:
— É mais uma demonstração de que o Estado está disposto a fazer o possível para chegar ao equilíbrio fiscal.