Com o prolongamento da recessão, os jovens da Região Metropolitana de Porto Alegre foram os mais atingidos pelo desemprego. De 2015 para 2016, a taxa de desocupação entre pessoas de 15 a 29 anos aumentou de 15,4% para 19,5% – quase um a cada cinco trabalhadores. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (8) pela Fundação de Economia e Estatística (FEE).
Por conta do avanço, o contingente de desempregados foi estimado em 106 mil nessa faixa etária, de uma população economicamente ativa de 542 mil jovens. Isso quer dizer que, no ano passado, mais 17 mil entraram na fila de afastados do mercado de trabalho.
Supervisora do Centro de Pesquisa de Emprego e Desemprego da FEE, Iracema Castelo Branco avalia que o resultado do estudo reflete o fechamento de vagas na Região Metropolitana. Em 2016, sublinha a especialista, a retração no nível de ocupação atingiu 48 mil jovens, número superior à saída de 31 mil da força de trabalho – aqueles que deixam de procurar colocação no mercado.
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Segundo a pesquisa, o índice de desemprego de pessoas de 15 a 29 anos (19,5%) em 2016 continuou superior à taxa registrada entre adultos (de 30 a 59 anos), que chegou a 7,5%.
– Em todo o mundo, por conta da idade, os jovens têm menor qualificação e menor experiência profissional. Logo, são mais penalizados do que as outras faixas etárias no mercado de trabalho. Com o avanço da idade, a tendência é de que a qualificação e a experiência aumentem – ressalta o economista Mauro Rochlin, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Impacto maior na parcela feminina
Entre os jovens, as mulheres sentiram mais os efeitos do desemprego. Em 2016, a taxa de desocupação nesse grupo chegou a 21,6%. Entre os homens, o índice foi de 17,8%.
Conforme Iracema, o maior impacto sobre a parcela feminina também teve reflexos no avanço da geração conhecida como "nem-nem", composta por quem não trabalha e tampouco estuda. De 2015 para 2016, esse grupo passou de 11,6% para 12,1% da população jovem em idade ativa, aquela apta a exercer uma atividade profissional, formada tanto pela população economicamente ativa quanto pela população não economicamente ativa.
– Uma das hipóteses para a alta nos "nem-nem" é de que mulheres que são mães e perderam o emprego ou ganhavam pouco resolveram ficar em casa porque os custos com escolas, por exemplo, seriam altos – menciona a economista.
Iracema também salienta que o contingente de jovens na população em idade ativa teve redução na Região Metropolitana. Em 2016, o total de trabalhadores de 15 a 29 anos aptos a exercerem uma atividade profissional baixou para 881 mil, decréscimo de 3 mil em relação a 2015.
Foco nos livros
No ano passado, o número de jovens que só estudavam subiu para 26,3% do total, ante os 23,7% registrados em 2015.
– O conhecimento deles aumenta. A expectativa é de que isso se reflita em ocupações melhores – destaca Iracema.
Por outro lado, a parcela de jovens com ensino superior completo diminuiu de 7,5% para 6,2% entre 2015 e o ano passado. Para a economista, o recuo pode estar atrelado à menor capacidade de parte da população de arcar com custos em universidades.
Segundo Iracema, a FEE considera trabalhadores de 15 a 29 anos como jovens para seguir o critério adotado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).