O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, reconheceu que o Brasil vive uma crise de desconfiança após a suspensão da exportação de carne brasileira aos Estados Unidos. Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, Maggi afirmou que, além das questões técnicas, as repercussões da Operação Carne Fraca e das delações dos donos da JBS, maior empresa de processamento de proteína animal do mundo, afetam a imagem do produto brasileiro no mercado internacional.
– O Brasil tinha já ultrapassado essa parte de sanidade, era reconhecido como um país que fazia produtos de muito boa qualidade. Os problemas que surgiram, enfraquecem a nossa posição – disse o ministro. – O Brasil só não é alijado do mercado porque o mundo não pode ficar sem o Brasil, mas o torniquete sobre nossa qualidade está sendo colocado em cheque.
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Maggi afirmou que o problema questionado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos está relacionado ao abcesso, que é provocado pela vacina da febre aftosa. O ministro reiterou que não há como alterar a criação dos animais e que o objetivo do governo será ampliar a fiscalização dos frigoríficos para retomar a exportação aos norte-americanos.
– É um prejuízo mais uma vez de desconfiança. Se olhar o montante de carne exportada para os Estados Unidos, não é muito significativo, em torno de US$ 50 milhões. Então, o problema financeiro não é muito (elevado), mas é um mercado que se fecha, é um mercado que deveríamos estar conquistando, aumentando cada vez mais nossa participação, e estamos vendo ele ser diminuído.
O ministro destacou que a carne brasileira compete no mercado dos Estados Unidos com os próprios produtos norte-americanos.
– A gente tem que entender que os Estados Unidos é o nosso maior concorrente de carne no mundo inteiro, nós estamos entrando no mercado deles e há uma pressão por parte dos produtores lá para que a gente faça a coisa extremamente correta. Na primeira oportunidade que eles tiveram de nos deixar fora do mercado, foi o que fizeram. Cabe a nós fazer as correções – disse.
Maggi afirmou que é necessário reverter "muito rapidamente" a suspensão da exportação de carne aos Estados Unidos para que não ocorra um efeito cascata sobre outros mercados.
– Quando nós abrimos (o mercado) dos Estados Unidos, comemoramos que era a oportunidade de ter alguns mercados que seguem o que os Estados Unidos fazem. Então, se os Estados Unidos nos fechar, aqueles (países) que seguem as mesmas regras também vão nos fechar – considerou. – Temos que trabalhar muito rapidamente para não deixar que (a suspensão) se torne definitiva.