Após seis meses de negociação intensa e uma reunião às pressas na quarta-feira, a empresa francesa Lactalis confirmou nesta quinta-feira um investimento de R$ 104 milhões no Rio Grande do Sul. O anúncio foi feito no escritório da multinacional em Paris, com a presença da direção mundial, do governador José Ivo Sartori e integrantes da comitiva do Estado.
O Grupo Lactalis tem hoje no Brasil 15 indústrias, gerando 7 mil empregos. Destas, 5 unidades estão no Rio Grande do Sul, em 4 municípios: Três de Maio (duas), Ijuí, Santa Rosa, e Teutônia. Somente no Rio Grande do Sul, são atualmente 2,3 mil empregos diretos. Vem do Rio Grande do Sul cerca de 60% da captação nacional de leite da empresa.
As fábricas gaúchas produzem queijo, leite, iogurte, leite condensado, whey protein, creme de leite, requeijão, e manteiga. O leite é comprado de 8 mil produtores gaúchos.
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Os recursos serão aplicados em três estratégias:
1 - Ampliação da produção nas fábricas já existentes no Estado. Atualmente, a Lactalis capta 900 milhões de litros de leite por ano de produtores gaúchos. A meta é chegar, em no máximo dois anos, a 1,5 bilhões de litros de leite. O foco é produzir mais queijo, manteiga, leite condensado e requeijão. A Lactalis pretende começar imediatamente um trabalho junto aos produtores gaúchos para que aumentem a produção de leite. O número de empregos gerados com a ampliação ainda não é divulgado pela empresa.
2 - Mudança da matriz da empresa no Brasil de São Paulo para Porto Alegre: a sede jurídica da empresa deve mudar de lugar. A direção nacional da empresa passará a tomar todas as decisões neste escritório. Devem ser abertas 80 vagas no setor administrativo. A mudança efetiva deve ocorrer até o fim de 2016.
3 - Instalação de uma fábrica de garrafas: a unidade industrial de Teutônia deve abrigar uma fábrica de garrafas de plástico para uma linha de leite que ainda será lançada pela empresa. A Lactalis pretende comprar o plástico de empresas gaúchas. A capacidade de produção será de 80 milhões de garrafas por ano. Os equipamentos para montagem da fábrica ainda dependem de processos de importação. Por isso, a direção da Lactalis acredita que a unidade deve estar operando em seis meses.
A Lactalis é dona das marcas Batavo, Elegê, e Parmalat, no Brasil. É líder mundial na venda de queijos.
O acordo foi assinado pelo presidente mundial da empresa, Daniel Jauoen, pelo governador José Ivo Sartori, e secretários. Ao final do encontro, Sartori comemorou:
– Agora se solidificou a presença permanente da Lactalis no Rio Grande do Sul. Eu sempre digo que o leite dá para as famílias dos pequenos empreendimentos uma garantia de renda mensal. O que estamos celebrando hoje aqui é o resultado concreto da nossa missão – disse.
O diretor de relações institucionais da Lactalis no Brasil, Guilherme Portella, destaca a importância que o Rio Grande do Sul terá para a empresa a partir de agora:
– A empresa tem uma agenda concreta de investimentos, dois anos atrás entramos fortemente no mercado brasileiro, com a aquisição dos ativos de lácteos da BRF, e a Lactalis, que já tem uma posição muito importante dentro do Estado, tem a intenção de fazer do Rio Grande do Sul uma base exportadora de laticínios para os demais Estados do país.
A missão do governo do Estado ainda tem compromissos nesta sexta-feira na Itália, onde apresentará o estado a empresários e governantes. A missão na Europa começou no último domingo, e termina nesta sexta. É a quarta viagem internacional do governador José Ivo Sartori.
Diários da França
O anúncio de investimentos para o estado não poderia ter sido num lugar mais bonito. O 30º andar da Tour Montparnasse, um imponente edifício moderno cravado em meio a Paris, contrastando com a arquitetura mais tradicional francesa. No local, funciona o escritório da Lactalis. A vista da cidade é linda, até o governador tirou o celular do bolso para fotografar.
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- O governador arriscou falar francês em alguns momentos com o presidente mundial da Lactalis, Daniel Jaouen. E fez até piada. Foi compreendido pelo diretor, que riu junto.
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Antes do anúncio de investimentos, o governador se reuniu com o embaixador do Brasil em Paris, Paulo Campos. O encontro ocorreu na própria embaixada, um luxuoso prédio de 623 metros quadrados, comprado pelo Brasil em 1971. É decorado com tapetes vermelhos, quadros de artistas famosos, bustos e esculturas. Pertencia a uma próspera família de metalúrgicos, os Schneider.