Devem ser indiciados pelo Ministério Público, na próxima terça-feira, os três presos por suspeita de comandar o esquema criminoso que, por falta de higiene e de adequações na fonte da empresa Mineração Campo Branco Ltda, contaminou dezenas de litros de água mineral vendida em larga escala aos consumidores, vendida em garrafas de 1,5 litro. A presença de bactéria e de coliformes totais foi comprovada em quatro lotes da marca Do Campo Branco, mas outros três rótulos – Biri, Roda D´Água e Carrefour – também eram envasados com matéria-prima da mineradora de Progresso.
Antes de remeter a denúncia à Justiça, o procurador Mauro Rochenback vai ouvir testemunhas, funcionários e os próprios investigados. Os dois sócios da mineradora, Ademir Paulo Ferri e Paulo Moacir Vivian, estão detidos no Presídio Estadual de Lajeado, enquanto o químico industrial Marcelo Colling permanece em Pernambuco, onde foi preso, e aguarda transferência para o Rio Grande do Sul. Os mandados de prisão contra eles são preventivos, ou seja, não têm prazo-limite.
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Outra medida requisitada pelo MP à Justiça é a liberação, pelo laboratório da Univates, de todos os testes de água feitos para a Mineração Campo Branco nos últimos anos. O objetivo é compreender a extensão do dano causado pela fraude.
– Além de terem sido avisados da má-qualidade da água, comprovados por testes e trocas de e-mail, eles mantiveram o produto à disposição do consumidor. Tanto é que parte dos produtos contaminados nós encontramos no comércio – afirma Rockenbach.
O destino das garrafas de 1,5 litro de água com gás da Do Campo é desconhecido. A Vigilância estadual já determinou a retirada de produtos dos quatro lotes contaminados em todo o Estado. As marcas Carrefour e Biri informaram que já cancelaram o contrato de compra de água com a empresa. ZH não conseguiu contato com os donos da Roda D´Água.
Além da fraude no produto, a Receita detectou que a mineradora sonegou R$ 3,2 milhões em tributos estaduais. Com a vistoria realizada durante a operação, os fiscais acreditam que o valor deva subir. Segundo o delegado adjunto da Receita Estadual de Lajeado, Fábio Ricardo Koefender, a empresa reutilizava notas fiscais do dia anterior para escapar de impostos.
Monitoramento para todas as marcas
O promotor dá um alento ao consumidor preocupado: todas as marcas de água mineral disponíveis no comércio gaúcho passarão por análise laboratorial. Segundo ele, o monitoramento vai fornecer um panorama da qualidade vendida no Estado, e não significa necessariamente que haverá investigação.