O ano de 2016 pode ser ainda pior para a economia brasileira do que foi 2015, com inflação mais alta e ainda mais demissões, projeta a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS). Relatório de perspectivas para o próximo ano, divulgado na manhã desta terça-feira, na sede da entidade, indica que a recessão pode chegar a 4% no país e o aumento de preços alcançar 10,7% em 12 meses.
Este é o cenário mais pessimista traçado pela Fiergs, que apresenta três panoramas distintos para a economia brasileira, um considerado pessimista, um moderado e um otimista.
No panorama mais positivo, o Produto Interno Bruto (PIB) do país ficaria estável e a inflação oficial voltaria para dentro da meta, ainda que no teto de 6,5%.
Em um cenário moderado, o PIB teria um recuo de 2,5%, com inflação de 8,6% no acumulado de 2016.
Nas três perspectivas, a indústria ficaria no campo negativo, caindo 8,2% em uma visão mais pessimista e caindo 1,5% na melhor das hipóteses.
- A perda acumulada da indústria nos últimos cinco anos equivale a metade do PIB brasileiro. Em 2010 o segundo setor era responsável por 15,3% da riqueza gerada em um ano. Hoje a participação é de 11,4% - afirma o economista-chefe da Fiergs, André Nunes de Nunes.
O comportamento da economia brasileira deve ir na contramão do restante do mundo em 2016 na projeção da FIERGS. Tanto Estados Unidos quanto Europa devem apresentar uma retomada mais consistente da atividade econômica, incentivados pelo dinamismo do mercado interno.
- A retomada da atividade econômica depende da solução de uma crise política que ainda não sabe como e quando vai acabar. Hoje o Brasil vive em um labirinto. E a saída depende de decisões técnicas e políticas dos deputados federais e senadores - afirma Heitor Müller, presidente da Fiergs.
No Rio Grande do Sul, a situação é ainda pior. No melhor cenário, o PIB gaúcho terá uma queda de 0,5%. O tombo pode chegar a 3% um um panorama moderado e a até 4,5% em uma hipótese mais pessimista.
O dólar mais valorizado não deve ser suficiente para ajudar a indústria gaúcha, com forte tradição exportadora. A perspectiva é que a venda de mercadorias para o Exterior permaneça entre 17,8% e 18,8% do total de produção no Estado. A queda nas vendas dentro do país deve causar aumento do desemprego na indústria gaúcha, com recuo entre 2% e 6,3% no número de trabalhadores.
A recessão mais forte no Rio Grande do Sul deve refletir o aumento do ICMS, aprovado no segundo semestre deste ano e a crise nas finanças públicas, mais acentuada no Estado do que no restante do país.