O recuo na cotação do dólar desta segunda-feira é mais uma trégua do que uma reacomodação diante do aparente armistício também na crise política que havia injetado combustível na moeda americana. A queda registrada nesta segunda foi a maior para um dia desde abril - de 1,85% para R$ 3,4424.
Não é pouca coisa: em relação ao topo dos últimos dias, R$ 0,13 a menos por dólar. No mercado, a avaliação dominante foi que o comportamento se deve à falta de novos embates no Planalto. Mas há outras interpretações. Diretor-executivo da NGO Corretora, Sidnei Nehme, com larga experiência nas negociações de divisa, viu a perda de altitude de segunda como movimento de bancos, que depreciaram o dólar para ganhar mais em seguida.
O problema é que tanto a situação interna quanto as variáveis externas têm tanques de reserva para fazer o câmbio voltar à combustão. Lá fora, os sinais de que o juro nos Estados Unidos vai subir ainda este ano são cada vez mais fortes, embora a manobra não interesse muito ao governo - representa valorização do dólar e perda de competitividade.
Aqui dentro, não há captação de sinal identificável de melhora nos fundamentos que garanta a manutenção do grau de investimento. Para Nehme, os fundos americanos - os mais afetados - estão identificando o aumento desse risco e não precisam que as agências confirmem a decisão para começar a arrumar as malas:
- Não vão esperar bater contra o muro para descer do carro.