Um dos aspectos mais difíceis do tarifaço do governo do Estado é o fato de incidir com maior peso exatamente sobre preços que já sobrecarregaram o orçamento dos consumidores este ano, como energia e combustíveis. Se a Assembleia aprovar, a perspectiva de um alívio em 2016, que estava no horizonte, pode ter de esperar mais um ano.
Nem bem recuperados de aumentos de até 70% na conta de luz, os consumidores residenciais podem começar a se preparar para mais um choque com origem no aumento do ICMS. De menor voltagem, mas cumulativo. Os cinco pontos de elevação na alíquota, nos cálculos do especialista em energia Pedro Machado, serão cerca de 5% no total da conta. Sem chance de isolamento.
Indústrias que não vendem ao Exterior têm chance de recuperar cerca de 90% da alta, porque a energia usada na produção é considerada insumo e gera créditos de ICMS. Mas será preciso optar por recuperar o custo em um mercado interno freado ou acumular créditos de difícil recuperação exportando.
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Também terá efeito cumulativo a elevação da cobrança sobre combustíveis, que já subiram de preço neste ano para acomodar outro tributo, a Cide. O presidente do sindicato dos postos de revenda, Adão Oliveira, relata que, no primeiro semestre, a demanda caiu entre 12% e 15%. Com preços mais altos, a reação do consumidor é a possível: cortar o consumo ao mínimo necessário. Por isso há risco de que a alíquota maior não garanta melhora na receita.