Há mais do que nai (sim) e oxi (não) no imbroglio do plebiscito da Grécia que, até onde se pode entender, está mantido para este domingo. A grafia varia conforme a forma de passar o alfabeto grego para a forma latina, mas as citadas são as que mais aparecem nos cartazes das manifestações na Praça Syntagma.
Não estão em jogo só novas medidas de ajuste, que já sufocam a economia grega há cinco anos, com os seguintes resultados para a variação do PIB desde 2010, quando eclodiu a crise: -5,4%, -8,9%, -6,6%, -3,9% e 0,8%.
Está em jogo o novo protagonismo da velha receita do Fundo Monetário Internacional (FMI) de hiperarrocho. Não há dúvida de que a Grécia precisava de um ajuste fiscal. Ficou comprovado que o país falsificou dados para não ser confrontado com indicadores incompatíveis com os exigidos na zona do euro.
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Até para pagar a conta, o paciente precisa estar vivo. Sem capacidade de gerar riqueza, o país assiste ao aumento na relação entre dívida e PIB. Se o denominador encolhe, o resultado cresce. Se fosse guiada apenas pela racionalidade, a negociação entre os credores e a Grécia já teria chegado a bom termo. Mas para além das diferentes visões da ciência econômica, com embate entre ortodoxos e heterodoxos, há interesses políticos.
O Royal Bank of Scotland fez uma projeção situando a perda com a saída da Grécia da zona do euro em 239 bilhões de euros. É o equivalente a 2,4% do PIB da união monetária. Seria o dobro do custo para tornar sustentável a dívida grega, estimado em 1,4% da riqueza em euros. Para a Grécia, a conta não é muito diferente. Além de todas as perdas decorrentes do desequilíbrio, o país teria outro gasto: o da impressão de dracmas.