As medidas anunciadas nesta quinta-feira pelo presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, para ajudar a reanimar a economia europeia animaram os mercados e contribuíram para que o dólar registrasse a terceira desvalorização seguida ante o real. Acompanhando o movimento em relação a outras praças, a moeda americana despencou 1,23% e encerrou o dia cotada a R$ 2,5745, a menor cotação desde o início de dezembro.
O programa apresentado pelo presidente do BCE tem como objetivo aumentar a liquidez do sistema financeiro da zona do euro por meio de injeções de capital. A autoridade realizará compras mensais de títulos no valor de 60 bilhões de euros até 2016, totalizando 1,1 trilhão de euros.
A medida, conhecida como quantative easing, foi adotada pelos Estados Unidos após a última crise financeira. Na prática, ao comprar títulos soberanos, o BCE aumenta a quantidade de moeda circulante no sistema financeiro, permitindo que os bancos façam empréstimos e financiamentos para consumidores, produtores, indústria etc, possibilitando aumento do consumo e dos investimentos.
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Desde do final do ano passado, a zona do euro é assombrada pela queda vertiginosa dos preços e crescente risco de deflação - o que acabou se confirmando em dezembro, quando o índice oficial de inflação ao consumidor recuou 0,2%. Nem mesmo a Alemanha, que nos anos seguintes à crise de 2008 ajudou a puxar a Europa para fora da recessão, conseguiu manter o ritmo de crescimento em 2014.
Copom ajuda a derrubar cotação
Além da expectativa pelo anúncio do BCE, que desde o início da semana vinha contribuindo para a queda do dólar no Brasil e no Exterior, as recentes medidas do governo para retomar a confiança na economia também tiveram forte influência no câmbio. Depois de o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, anunciar aumento em impostos na terça-feira, na quarta, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu elevar a taxa básica de juro para 12,25% ao ano, o maior patamar desde agosto de 2011.
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A nova alta da Selic reforça, aos olhos dos investidores, o compromisso da nova equipe econômica com o cumprimento da meta de inflação (atualmente em 4,5%, com margem de dois pontos percentuais) e com equilíbrio das contas públicas. Já esperado por analistas, o remédio do juro alto busca frear a disseminação dos efeitos da pressão principalmente de preços administrados, como a gasolina, que deve subir R$ 0,22 por litro com a volta da cobrança da Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), e da energia, mais cara pela queda do nível dos reservatórios das hidrelétricas.
Queda do petróleo freia alta da bolsa
Após disparar com o anúncio do BCE, a Bolsa de Valores de São Paulo reduziu os ganhos com a abertura dos mercados americanos. Investidores repercutiram a queda no preço do petróleo, com a informação de que os estoques de barris dos Estados Unidos ficaram acima do esperado, em 10,1 milhões de barris.
O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, subiu 0,44%, aos 49.442 pontos.