A ironia - ou não - da mensagem "é bom ser governo" foi feita nesta quarta-feira, quando a Fecomércio apresentou sua avaliação do desempenho da economia nacional e da gaúcha, momento em que ficou evidente a boa arrecadação do setor público e o fraco desempenho do segmento privado. Enquanto a receita da União, nos primeiros 10 meses, alcançou R$ 907 bilhões, alta de 7,7% comparada com 2012, a do Estado, no mesmo período e quase no mesmo percentual (7,3%), chegou a R$ 19,6 bilhões.
A razão, diz o economista Marcelo Portugal, é a adesão ao sistema de substituição tributária, junto com fiscalização mais eficiente e adoção do sistema de inteligência para coibir a sonegação:
- A substituição tributária ajuda muito, mas, se é boa por um lado ao facilitar a arrecadação, é ruim por outro pela possibilidade de se errar na definição da margem.
Ao lado do presidente da entidade, Zildo de Marchi, Portugal pintou quadro preocupante para o país e para o Estado em 2014. Assim como o Brasil vive um ritmo de desenvolvimento mais lento, o Rio Grande do Sul segue na mesma direção. Exemplos não faltam, mas os mais eloquentes são o fato de o crescimento médio no governo Lula ter ficado em 4,5% ante os 2%, 2,5% médios de Dilma. Na administração Yeda, no quadriênio foi 4% ante 3,2% de Tarso:
- No país, a estratégia de colocar o Estado como motor do crescimento não funcionou.
No Rio Grande do Sul, a mesma situação. Portugal previu que o avanço deste ano (6%) não se sustentará em 2014, tanto que, pelos seus cálculos, a economia gaúcha fechará com alta de 2,8%. A tendência de nova boa safra contribuirá, mas, desta vez com peso menor, e nem o câmbio (R$ 2,55 no final de 2014) conseguirá reverter o desempenho. A cotação do dólar dependerá da velocidade de retirada dos estímulos à recuperação dos EUA (US$ 85 bilhões/mês).
A conferir nos próximos meses.