Os efeitos da suspensão de benefícios fiscais para a compra de bens duráveis ainda são uma incógnita, segundo o coordenador das pesquisas Conjunturais do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Aloisio Campelo. Mas ainda assim, ele disse acreditar que a medida do governo de redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a aquisição de automóveis e eletrodomésticos já cumpriu a sua função e poderá ser "relaxada" no fim de agosto ou antes de terminar o ano.
As vendas de duráveis, com destaque para veículos e eletrodomésticos de linha branca, puxaram o resultado do comércio em junho, que avançou 1,5% ante o mês anterior, de acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para Campelo, a taxa de junho foi "relativamente" concentrada no segmento de automóveis, que avançou 16,4% na passagem do mês, atendendo às expectativas do governo de acelerar o desempenho do setor e da economia. Soma-se a isso a redução do IPI para duráveis, o esforço de queda da taxa básica de juros, a melhoria do acesso ao crédito e a manutenção do emprego e da renda em um patamar alto como justificativas pelo crescimento das vendas no comércio varejista.
Ainda de acordo com o economista da FGV, caso ocorra uma melhora no cenário externo, terá passado também o momento de emergência da economia brasileira, e o governo poderá então suspender o benefício de redução do IPI. A visão de Campelo é que há limite para o estímulo ao consumo, política adotada pela equipe econômica há muitos meses. De qualquer forma, segundo ele, o mercado deverá ficar atento aos resultados do terceiro trimestre para avaliar o ponto de consolidação da retomada da trajetória de crescimento da economia.