Criadores e especialistas são unânimes: os animais inscritos na Expointer representam o que há de mais avançado no mundo em relação à genética. Este ano, são 3.458 exemplares de 92 raças diferentes.
O volume se encontra pouco menos de 1% abaixo do de 2023, em um sinal de recuperação depois da enchente de proporções inéditas que atingiu o Estado.
Estreante em Expointer, a raça de ovinos dohne merino tem origem na África do Sul, a partir do cruzamento entre uma linhagem com vocação para lã fina e outra com bom resultado na carne. Com isso, surgiu como uma raça de duplo propósito.
A proximidade com o Uruguai, reconhecido pelas lãs de qualidade, e a crescente demanda pela carne no Brasil fizeram com que o produtor Fernando Martins, de Santana do Livramento, aumentasse o rebanho. Criador de dohne merino há cerca de 10 anos, foi em 2021 que ele resolveu importar mais exemplares puros de origem (quando se tem registro de todos os ancestrais no livro genealógico da raça).
— Começamos com objetivo de ter lã fina e boa carcaça. No entanto, o resultado foi tão bom que resolvemos produzir genética. Então, importamos esses animais e iniciamos o melhoramento — conta.
Outra novidade é o gado de corte senepol, que volta depois de um hiato de duas edições. Embora esteja no Brasil desde a década de 1990, ganha espaço na Região Central e no Sul pela capacidade de adaptação tanto em climas tropicais quanto subtropicais.
— De uns anos para cá, o produtor sente as mudanças climáticas. Ter um animal com rusticidade e adaptabilidade é a proposta que o senepol traz — explica o mestre em zootecnia Nathã Carvalho.
Entre os caprinos, quem retorna é a raça saanen. Segundo Carvalho, ela se equipara ao que a vaca holandesa representa para os bovinos na produção de leite. Depois de participar por várias edições de forma ininterrupta, ficou um tempo afastada e voltou este ano — o zootecnista cogita (e torce) que seja sinal de renascimento da genética entre os caprinos.
O comissário-geral da Expointer, Pablo Charão, lembra que a participação de diversas associações de criadores ficou a perigo após a enchente. Depois de muita conversa e do esforço de todos os envolvidos, a situação foi contornada para manter a pujança do evento.
— A Expointer é uma vitrine. A gente diz que o que de melhor existe de genética na pecuária, temos representado aqui. O pessoal encara como um recomeço, para dar impulso para o Estado retornar aos trilhos e voltar a crescer. Esperamos superar os números anteriores. Pelo menos na parte de animais, temos um número semelhante e torcemos para ter êxito nos nossos prognósticos — conclui.