Em um cenário desafiador, as atividades primárias do Rio Grande do Sul estão suscetíveis a muitas variações. É o que ressalta o Secretário da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Giovani Batista Feltes. Segundo ele, nos últimos anos, o Estado contempla dificuldades em relação à estiagem, com efeitos de difícil reversão dos pontos de vista social e econômico. Nesta entrevista, o secretário comenta quais são as medidas adotadas pelo governo para minimizar a situação bem como o cenário do agronegócio atual e as oportunidades possíveis para o setor.
Após sete meses de gestão do atual governo do Estado, como o senhor avalia o setor
Recentemente, o Banco Mundial publicou um estudo que dá conta que, entre os Estados do Brasil, o Rio Grande do Sul apresentou maiores prejuízos em decorrência das variações climáticas. Com certeza, isso é impactante, mas temos que aprimorar as medidas para minimizar efeitos futuros da estiagem. Por outro lado, temos que criar um cenário mais favorável e, ao mesmo tempo, formas mais modernas de financiamento das atividades laborais na área primária. Tudo isso, sempre contando com a capacidade reconhecida do homem e da mulher do campo e das entidades do setor.
Em 2023, as exportações de carne suína cresceram no Rio Grande do Sul. Qual é a sua projeção para essa e outras proteínas animais?
Pouco a pouco, o mercado internacional vai tendo ciência que estamos livres da febre aftosa, mesmo sem a vacinação. Esse é um trabalho não só da Seapi, mas do governo em geral, no sentido de que as embaixadas e os consulados do Brasil se assenhoram da nossa realidade. Foram iniciativas e missões que buscaram levar esse conhecimento a eles. Certamente, isso amplia mercados a que as nossas proteínas não tinham acesso, em particular a suína. Estamos extremamente felizes com o serviço oficial em defesa animal que fizemos no Estado em relação à gripe aviária. Tivemos um caso detectado e confirmado em Lagoa Mangueira, na Estação Ecológica do Taim, o que mostrou que o nosso serviço é de excelência. Isso não é algo que estamos atestando, apenas reproduzindo dos relatórios internacionais que vieram para o Brasil. Por conta disso, o Chile e a República Dominicana estão abrindo mercado com nosso Estado. Isso aliado a um somatório da biossegurança, cada vez mais rigorosa em relação às atividades privadas que atuam nessa área na proteína animal, que pode ser suínos, ovinos e avicultura. Dessa forma, criamos condições mais fortes de mercado e vias de possibilidades de exportação para outros países de maneira mais rápida possível.
Essas exportações devem ser desenvolvidas neste ano?
Sim, existem possibilidades de respostas positivas. A República Dominicana confirmou que vai reabilitar uma planta aqui no Estado. Há também repercussões de países em nosso entorno, como o Chile. Existem ampliações de relações comerciais com o México. Recentemente, estive em uma missão na China e esse assunto foi abordado. São múltiplas iniciativas que o governo do Estado tem se engajado, mas claro, com o apoio da iniciativa privada.
Conforme divulgou a Emater, o Estado tende a ter a segunda maior safra de trigo da história. Qual é a sua avaliação a esse dado?
Tivemos climas e condições favoráveis na safra passada que constitui um recorde. Esse indicativo (da Emater) tem muito a ver com os preços que o mercado apresentava naquele período quanto ao cereal. A qualidade dessa cultivar se ampliou e melhorou muito, o que induziu uma maior área plantada e, ao mesmo tempo, esperamos ter resultados do ponto de vista de uma quantidade significativa. Vamos aguardar em relação aos preços e ter o mesmo entusiasmo dos produtores em continuar a estabelecer as lavouras de trigo no Estado.
Quais as ações previstas pelo governo do Estado para impulsionar o setor?
Possuímos uma atenção rigorosa quanto à atividade primária. Um ponto de vista é em relação à melhora da legislação para o setor, com a possibilidade de, eventualmente, os municípios licenciarem o acúmulo de lâmina de água bem maior, o que ajuda no processo de irrigação. De forma transversal, o governo do Estado tem participado e recebido missões, com ou sem participação da iniciativa privada, para criar cenários favoráveis às vendas de mercados existentes e descortinar novas oportunidades. Além disso, criamos um grupo de trabalho para enfrentar os desafios da proteína animal e incentivos de ICMS aos produtores. Nosso foco sempre está na parceira de quem produz e movimenta o setor no Estado, o que nos beneficia tanto social quanto economicamente.