Os juros do rotativo do cartão de crédito subiram em outubro, enquanto outras modalidades de crédito para as famílias apresentaram retração, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira (27) pelo Banco Central (BC). O cheque especial, por exemplo, teve redução.
A taxa média do rotativo do cartão de crédito subiu 9,4% em relação a setembro, chegando a 317,2% ao ano. A taxa média é formada com base nos dados de consumidores adimplentes e inadimplentes.
No caso do cliente adimplente, que paga pelo menos o valor mínimo da fatura do cartão em dia, a taxa chegou a 285,4% ao ano em outubro, queda de 4,8% em relação a setembro. Já na taxa cobrada dos clientes que não pagaram ou atrasaram o pagamento mínimo da fatura (rotativo não regular) os juros subiram 18,5%, indo para 338% ao ano.
O rotativo é o crédito tomado pelo consumidor quando paga menos do que o valor integral da fatura do cartão. O crédito rotativo dura 30 dias. Após esse prazo, as instituições financeiras parcelam a dívida.
Em 2018, o Conselho Monetário Nacional definiu que clientes inadimplentes no rotativo do cartão de crédito passariam a pagar a mesma taxa de juros dos consumidores regulares. Mesmo assim, a taxa final cobrada de adimplentes e inadimplentes não será igual, porque os bancos podem acrescentar à cobrança os juros pelo atraso e multa.
Na modalidade de parcelamento das compras pelo cartão de crédito, a taxa chegou a 179,7% ao ano em outubro, com aumento de 1,5%.
Cheque especial
A taxa de juros do cheque especial caiu 1,7% em outubro, comparada a agosto, e chegou a 305,9% ao ano. Apesar de menor, a taxa do cheque especial está entre as modalidades de crédito mais caras para as famílias, e a recomendação do BC é que só seja usada em situações emergenciais.
No ano passado, os bancos anunciaram uma medida de autorregulamentação do cheque especial. Com as novas regras, os correntistas que utilizam mais de 15% do limite do cheque durante 30 dias consecutivos passaram a receber a oferta de um parcelamento, com taxa de juros menor do que a do cheque especial definida pela instituição financeira.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem dito que redesenhará o cheque especial, por ser muito regressivo, ou seja, ter peso maior de juros sobre quem tem menor renda.
Crédito pessoal
A taxa de juros do crédito pessoal não consignado caiu para 99,1% ao ano em outubro, com recuo de 13,8% em relação a setembro. A taxa do crédito consignado (com desconto em folha de pagamento) recuou 0,5%, indo para 20,9% ao ano no mês passado.
De acordo com o BC, a taxa média de juros para pessoa física caiu 1,6% em outubro, chegando a 49,7% ao ano. A taxa média das empresas ficou em 17,6% ao ano, queda de 0,2%.
Inadimplência
A inadimplência do crédito, considerados atrasos acima de 90 dias, para pessoas físicas ficou estável em 5%. Entre pessoas jurídicas, a inadimplência permaneceu em 2,5% em outubro.
Esses dados são do crédito livre, em que os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes.
No caso do crédito direcionado (empréstimos com regras definidas pelo governo, destinados, basicamente, aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito) o juro para as pessoas físicas caiu 0,1%, para 7,6% ao ano. A taxa cobrada das empresas reduziu 0,4%, para 8% ao ano.
A inadimplência das pessoas físicas no crédito direcionado permaneceu em 1,8% e a das empresas caiu 0,1%, para 1,9%.
Saldo dos empréstimos
Em outubro, o estoque de todos os empréstimos concedidos pelos bancos ficou em R$ 3,372 trilhões, com expansão de 0,3% em relação a setembro, de 3,5% no ano e de 6,3% nos 12 meses anteriores. Esse saldo do crédito correspondeu a 47,6 % de tudo o que o país produz — o Produto Interno Bruto (PIB) —, estável em relação a setembro.