O prazo para a entrega da declaração do Imposto de Renda 2019 não completou uma semana (vai até 30 de abril), mas os principais bancos do país já fazem uma oferta tentadora aos clientes: antecipar os valores da restituição. Para os correntistas das instituições financeiras, é a chance de botar no bolso, imediatamente, uma quantia que somente chegaria entre junho e dezembro.
O que precisa ficar claro para os contribuintes é de que se trata de uma venda de dinheiro: o banco oferece a quantia e, depois, pega esta de volta com juros e taxas que variam de acordo com o perfil do cliente. Para os bancos, a transação não oferece riscos: como a restituição do IR é depositada diretamente na conta, há garantia de que o dinheiro será devolvido. Mas para quem usa a modalidade, é preciso levar mais fatores em conta.
— Ao utilizar essa linha de crédito, os contribuintes, além de mostrarem falta de educação financeira, também podem perder rendimento. Muito cuidado nessa hora. É por isso que entregar a declaração logo no início é recomendável pelo fato de ter mais chance de receber logo nos primeiros lotes — analisa o presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos.
Em razão disso, a antecipação só vale a pena para os contribuintes que estão realmente precisando com urgência do dinheiro. Para quem está endividado e pagando taxas mais altas de juros do que as oferecidas pelos bancos, a antecipação para quitar dívidas é um bom negócio. Fora isso, não é muito vantajoso.
Banco pode ficar com dinheiro da conta
Caso a restituição venha menor do que a indicada na declaração – ou fique retida pela Receita Federal –, a instituição financeira vai tirar o dinheiro do limite da conta do cliente. Nesse caso, uma dívida barata, de juros a partir de 1,79% ao mês (veja as linhas de cada banco abaixo), transforma-se em uma das mais caras do mercado, a do cheque especial — média de 11,74% no mês de junho, segundo levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac).
As taxas para antecipação dos bancos*
Caixa Federal
- Taxa de juros a partir de 2,10% ao mês
- O limite de crédito disponibilizado ao cliente é de até 75% do valor da restituição
Bradesco
- Juros a partir de 1,79 % ao mês
- Os clientes poderão antecipar até 100% do valor de sua restituição
Santander
- As taxas são a partir de de 3,69% ao mês
- É possível receber até 100% do valor da restituição
Itaú
- Taxas a partir de 1,90% ao mês.
- Os clientes poderão antecipar até 100% do valor de sua restituição
Banco do Brasil
- Taxas a partir de 1,79% ao mês
- É possível antecipar até 100% do valor a ser restituído
Banrisul
- Taxa de juros a partir de 1,75% ao mês
- É possível antecipar até 90% do valor da restituição
* À exceção do Banrisul, que é do Rio Grande do Sul, estes são os bancos com maior número de clientes no sistema financeiro nacional, conforme o Banco Central.
Para evitar a armadilha das antecipações
O que é a antecipação
- Possibilidade de receber de forma imediata a restituição do Imposto de Renda
- A quantia que pode ser antecipada é definida conforme o banco. No geral, antecipam a partir de 70% do valor da restituição. Mas podem antecipar 100% dos respectivos valores
- Não é diferente de um empréstimo. Quando o valor integral entrar na conta, o banco pega de volta o que emprestou com juros e taxas
Quais as vantagens
- A liberação é rápida. O dinheiro é creditado diretamente na conta corrente
- Possibilidade de utilizar um dinheiro que só receberia na data da restituição
Quais as desvantagens
- Perde-se dinheiro porque é preciso pagar juros e taxas.
- O valor do empréstimo será debitado mesmo se, por algum erro na declaração, o valor a ser devolvido pela Receita for menor. Ou seja, antecipar a restituição é mais arriscado e exige uma declaração de IR perfeita.
Quando avaliar a possibilidade
- Só é um bom negócio se o valor da antecipação quitar a dívida do cheque especial ou do cartão de crédito.
- Neste caso, os juros da antecipação são menores do que os do cartão de crédito e do cheque especial (os mais altos do mercado).
- Mas para quitar uma dívida junto ao próprio banco, deve-se barganhar mais vantagens, como redução dos juros da dívida principal ou um abatimento no saldo devedor.
- Taxas muito acima de 1,5% ao mês começam a tornar a operação um mau negócio, fique atento.
- Uma emergência de saúde ou pagamento de dívidas que geram penalidade saem dessa lógica e podem ser motivos.
Qual taxa de juros é cobrada
- Cada instituição trabalha com uma taxa de juros e outras tarifas.
- Quem tem conta há pouco tempo paga mais juros, porque o banco considera maior o risco de inadimplência.
- Aquele cliente mais antigo e que nunca fica no negativo paga menos juros.
De olho no Custo Efetivo Total
- O dado mais importante que o cliente precisa saber quando for à agência bancária é o Custo Efetivo Total (CET).
- O CET é o total de encargos a serem pagos pelo cliente na operação.
- É expresso em forma de percentual e inclui as taxas de juros, tributos, tarifas, gravames, IOF, registros, seguros e demais despesas.
- Todas as instituições financeiras devem informar qual é o CET na efetivação de um contrato.
Fontes: Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac) e Instituto DSOP