Apesar das facilidades oferecidas pelos bancos digitais, como cadastro remoto e acesso mais amplo a cartões de crédito e linhas de financiamento, os juros para empréstimos pessoais ainda estão alinhados aos de grandes bancos. Levantamento feito pela reportagem mostra que as taxas das chamadas fintechs (instituições financeiras com atuação exclusivamente digital) ficam em patamares semelhantes aos de bancos tradicionais — e muitas vezes são até mais altas.
GaúchaZH solicitou na sexta-feira (15) que os cinco bancos com maior volume de ativos no país (ItaúUnibanco, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa), mais o Banrisul, enviassem informações sobre suas linhas mais baratas de crédito pessoal. Fez o mesmo pedido para quatro dos bancos digitais mais conhecidos: Original, Inter, Pan e Nubank.
A linha mais barata entre todos foi comunicada pelo Bradesco, a partir de 0,99% ao mês. Dentre os digitais, o menor juro foi informado pelo Inter, que cobra 1,15% ao mês mais variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), condição que é aplicada apenas para quem oferece garantia de imóvel, já que a empresa não trabalha com empréstimos pessoais sem garantia.
— Independentemente de serem digitais ou físicos, os bancos compartilham dos mesmos custos ao oferecer empréstimos (impostos, juro básico da economia e análise de risco, por exemplo), isso reduz a margem de manobra para mexer nas taxas — afirma Jorge Augustowski, vice-presidente de Economia e Finanças da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac).
Jorge lembra que os grandes bancos têm, inclusive, uma vantagem em relação aos menores ou digitais: o custo para captar dinheiro no mercado financeiro é menor, uma vez que absorvem em grande volume e oferecem risco menor de dar calote. Com isso, encontram taxas menores para captar dinheiro, e podem repassar isso nos juros dos empréstimos.
É importante ressaltar que os juros em uma mesma instituição variam conforme o grau de relacionamento com o cliente. Por isso, quando se analisa a média do juro de empréstimos (e não o valor mínimo), chega-se a taxas mais altas. Segundo dados do Banco Central (BC), ao final de janeiro, as taxas médias de empréstimo pessoal sem garantia em BB, Itaú, Santander, Caixa e Bradesco eram de, respectivamente, 3,91%, 4,22%, 4,62%, 4,70% e 5,75% ao mês. Dentre os digitais, Original e Pan tinham juro mensal médio de 6,34% e 2,14%, nesta ordem.
Ou seja, uma pessoa com bom histórico de pagamento pode obter taxas menores do que essas; quem não tem reputação tão sólida paga mais caro.
— Apesar de haver uma tendência de os bancos digitais terem juro médio menor, devido aos custos operacionais mais enxutos, isso pode variar conforme as condições de oferta e demanda pelos empréstimos. Então, é importante que o cliente compare taxas em várias instituições antes de contratar crédito — sugere o consultor financeiro Jó Adriano Cruz.
Os juros mais baixos para empréstimos pessoais
- Santander: 1,59% ao mês
- Itaú Unibanco: 1,37%
- Bradesco: 0,99% ao mês
- Banco do Brasil: não informou
- Caixa Econômica Federal: 1,49% ao mês
- Banrisul: 1,20% ao mês
- Original: não informou
- Inter: 1,15% ao mês + IPCA *
- Pan: não informou
- Nubank: 2,1% ao mês
* Apenas crédito com garantia de imóvel; não há empréstimo pessoal