O preço elevado do litro da gasolina no Estado, que passa de R$ 5 em municípios do Interior – preço médio na Capital é R$ 4,476, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP) – está levando motoristas a buscar dicas que façam a diferença ao abastecer. O assunto gerou ainda mais curiosidade depois que, ao encher o tanque da sua Sportage, um motorista questionou sobre a quantidade de combustível apontada na nota fiscal.
Especialistas destacam que, em primeiro lugar, o importante é, sim, conhecer a capacidade do tanque do próprio carro.
– Não precisa descer do carro para acompanhar, mas é importante ficar atento à bomba. E saber ler o que diz o mostrador de combustível do carro, quantos litros correspondem a 1/4 de tanque, por exemplo – afirma o instrutor de Educação Profissional do Senai Automotivo Porto Alegre Bernardo Jacques.
Fora isso, há práticas que acabam rapidamente compartilhadas nas redes sociais que podem, ou não, fazer sentido na hora de abastecer. Veja abaixo.
Tanque cheio? Confira os mitos e verdades
1 – Encher até a "boca" é prejudicial ao veículo
Verdade! Existe um sensor no topo do tanque para indicar o limite. Acima dele, há uma espécie de respiro — o sistema de dissipação de gases do combustível. Ultrapassar o limite que pode fazer o combustível escorrer para fora do tanque. Esse respiro tem capacidade para de dois a cinco litros.
2 – Gasolina na carroceria provoca corrosão
Verdade! A gasolina é corrosiva, e colocá-la em contato com a lataria do veículo é tudo o que o proprietário não deve querer. Ela agride a camada de tinta e o verniz que a protege.
3 – O tanque incha com o tempo, fazendo com que a capacidade de abastecimento aumente
Mito! Primeiro, os tanques passam por diversos testes para, justamente, não apresentarem variação de sua capacidade com o tempo. Em segundo lugar, são feitos de materiais avançados que não oferecem essa possibilidade. Afinal, inchar traria o risco de rompimento.
4 – Não se abastece veículo 1.0 com gasolina de alta octanagem
Mito! Gasolina de alta octanagem não está relacionada com a capacidade do motor em cilindradas. Qualquer veículo, mesmo os populares, pode usar esse combustível sem prejuízo. Agora, atenção: essa gasolina não melhora em nada o desempenho do carro.
5 – É recomendável alternar gasolina e etanol em veículos flex.
Verdade! Isso é bom porque um combustível deixa o sistema mais lubrificado (gasolina) e o outro ajuda na limpeza (etanol). Mas não chega a ser algo que deva tirar o sono dos condutores. Os próprios manuais informam que os veículos podem circular sempre com um combustível sem problema — os materiais usados nas peças foram pensadas para isso.
6 – Veículo abastecido com gasolina comum não deve usar a aditivada
Mito! Importante: o único efeito da gasolina aditiva é limpar o sistema. Mas isso não ocorre em um único uso, é um resultado que se consegue com o tempo. Ou seja, usar uma vez ou outra a aditivada é botar dinheiro fora. Mas não causa problema. Estando em dia, o filtro de combustível cumpre a missão de reter os detritos.
7 – Abastecer sempre em pequenas quantidades danifica o motor
Mito! O problema é você ficar sem gasolina em uma subida, isso sim. A origem desse mito é que, com pouca gasolina, a bomba sugaria sujeira que se acumularia no fundo do tanque. Acontece que a bomba sempre suga gasolina do fundo do tanque. Fique tranquilo, o filtro de combustível está lá para isso. Mantenha a revisão desse item em dia.
8 – Combustível antigo no reservatório de partida a frio é ruim
Depende! Não é bom deixar gasolina antiga no reservatório. O melhor é usar gasolina aditivada ou premium nesse tanquinho. Mas o problema causado é no próprio reservatório, importante para partida em dias frios quando o carro está com etanol. Para o motor, mesmo, não há efeito.
9 – Abastecer e guardar o carro faz bem para o motor
Mito! Não existe nada comprovado que aponte isso. Em climas frios (muito frios mesmo, como no hemisfério norte), poderia haver uma separação entre água, etanol e gasolina no tanque e ter consequência na hora da partida. Mas não é a nossa realidade.
10 – É indicado circular um tempo ao misturar combustíveis nos flex.
Mito! A origem do mito seria dar tempo para o computador de bordo identificar o nível de mistura entre gasolina e etanol e adaptar o consumo. Sim, isso acontece, mas é questão de segundos, talvez um minuto. Logo, já se pode guardar o carro sem medo.
Fontes: Bernardo Jacques, instrutor de Educação Profissional do Senai Automotivo Porto Alegre, e Renato Romio, engenheiro do Centro de Pesquisa do Instituto Mauá de Tecnologia e presidente do conselho da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA).