Obra em casa é aquela função: sempre surge uma coisa a mais e o primeiro orçamento dificilmente se confirma ao final da reforma. O risco é de que os gastos se estiquem tanto que a construção tenha de ser interrompida ou surja uma dívida alta. Alguns cartões oferecem a possibilidade de pagar de forma parcelada o material de construção, com juros anunciados baixos ou até isentam o valor da anuidade. Mas é preciso avaliar com muita atenção se valem a pena.
O mais popular deles é o Construcard, da Caixa. O uso é parecido com um financiamento imobiliário, mas com juros mais salgados, que partem de 2,5% ao mês e variam conforme o grau de relação do clientes com o banco. A cobrança é feita por débito em conta corrente ao longo de até 240 meses.
— Como pode haver exigência por garantias na hora da contratação deste cartão, há de se redobrar o cuidado para não perder o bem — alerta o consultor financeiro Adriano Severo — Vale a pena esperar um pouco e juntar dinheiro para comprar à vista o que realmente vai precisar para a obra, tentando um desconto e evitando juros.
Há outras duas modalidades de cartões para compra de materiais de construção, mas de uso mais restrito. Um deles é o Cartão Reforma, anunciado em 2016 pelo governo federal para fornecer auxílio para famílias de baixa renda. Conforme o Ministério das Cidades, nos próximos dias, será divulgada a relação de municípios brasileiros que serão incluídos no programa. Cada família contemplada receberá de R$ 2 mil a R$ 9,6 mil para gastar. Outra modalidade é o Cartão BNDES, direcionado apenas a quem tem um negócio e precisa investir na reforma da sede ou loja, por exemplo.
Independentemente da forma de pagar o serviço, para que o sonho não se transforme em pesadelo, o planejamento e a análise dos gastos são essenciais. É imprescindível ter uma margem extra de 10% a 20% da obra na reserva financeira para eventuais acréscimos no orçamento da obra.
— O ideal é sempre economizar primeiro para, depois, realizar. Mas se a decisão for por financiar, que então seja o mínimo possível, escolhendo sempre a opção com menor taxa de juros e num menor prazo possível — indica o consultor financeiro Jó Adriano da Cruz.
Opções no mercado
Construcard da Caixa
O Construcard é uma linha de crédito para compra de material de construção em lojas credenciadas pela Caixa. Ao contratar o financiamento, o usuário recebe um cartão e tem até seis meses para comprar itens mais simples, como tijolos, esquadrias, pisos, telhas e tintas, ou mais robustos, como armários não-removíveis, piscinas, elevadores, caixas-d'água, aquecedores solares, aerogeradores e equipamentos de energia fotovoltaica. O juro parte de 2,5% ao mês e varia conforme o grau de relação dos clientes com a Caixa. A cobrança é feita por débito em conta corrente ao longo de até 240 meses. Para utilizar, o cliente deve apresentar como garantia um aval, alienação fiduciária de bem móvel, caução de depósito/aplicação financeira ou alienação fiduciária de bem imóvel. A contratação é feita diretamente nas agências da Caixa. Mais informações neste site.
Cartão Reforma
Foi anunciado em 2016 pelo governo federal para fornecer auxílio em forma de crédito no cartão para famílias de baixa renda, para realizarem reformas em suas residências. Nos próximos dias, será divulgada a relação de municípios brasileiros contemplados pelo programa, que oferecerá, em média, R$ 5 mil por beneficiário — em 2017, houve liberação emergencial para municípios atingidos por fenômenos naturais. Esse valor poderá ser gasto, sem necessidade de pagar de volta, na compra de materiais de construção em estabelecimentos cadastrados. O cartão atenderá famílias com renda de até três salário mínimos que necessitem de reforma em suas casas. Mais informações neste site.
Cartão BNDES
Esse é para quem é microempreendedor individual e precisa dar um trato em sua sede ou lojas. Quem tem uma pequena empresa pode obter o Cartão BNDES desde que esteja formalizado (ou seja, tenha CNPJ). O cartão visa a financiar os investimentos das micro, pequenas e médias empresas e dos empresários individuais, inclusive microempreendedores individuais. O juro é de 1,41% ao mês. O cartão é emitido por instituições financeiras credenciadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pode ser usado, por exemplo, para comprar materiais como argamassa, blocos cerâmicos e esquadrias, além de itens de decoração como papéis de parede e até banheiras e ofurô. Mais informações neste site.
Prepare o bolso para a reforma
- Pesquise quanto custa o material em lojas e pela internet, para saber se o que o prestador prevê é correto. E sempre peça as notas fiscais das compras feitas pelos operários.
- Só comece a obra quando tiver condições de reservar, pelo menos 20%, a mais sobre o orçamento inicial, pois muitas necessidades se revelam no decorrer da obra.
- Antes de começar a obra, avalie contratar um arquiteto ou engenheiro para uma consultoria sobre os riscos ou os efeitos orçamentários indiretos da reforma, evitando sustos no decorrer da reforma.
- Avalie nas grandes redes as condições de uso de cartões-fidelidade, com descontos progressivos ou isenção de juros para parcelamento. Eles costumam ter condições semelhantes aos dos cartões de crédito.
- Pagar parcelado e no crédito costuma ser uma boa opção, principalmente se o fornecedor do material não cobrar juro. É melhor do que pegar um empréstimo, por exemplo, que, mesmo com juros baixos, aumentam a conta.
- Algumas redes também fornecem cartões próprios com bandeiras como Visa e Mastercard, que podem abrir descontos em alguns materiais nestas lojas. Entretanto, é preciso avaliar se a anuidade vale a pena e levar em conta que, em alguns desses cartões, é preciso se deslocar mensalmente até uma loja da rede para pagar a fatura.
- Peça sempre mais de um orçamento para a obra e use isso para barganhar preços. Negociar com os prestadores do serviço o pagamento em dinheiro é sempre mais vantajoso.
- Uma obra mais em conta também passa pela escolha do período certo para executá-la. Os preços sobem mais a partir de novembro até a metade do verão, quando a prestação de serviço fica "inflacionada": é quando muita gente aproveita o 13º salário ou as economias de um ano inteiro para tirar a reforma do papel.
- Se você declara Imposto de Renda, guarde os comprovantes de compra do material e Recibo de Pagamento Autônomo (RPA) dos prestadores de serviço (com registro na prefeitura) para poder aumentar o valor declarado de seu imóvel _ desta forma, a Receita irá considerar o preço atualizado, e quando você for vendê-lo pagará menos imposto.