Nesta segunda-feira (12), trabalhadores dos Correios devem entrar em greve em todo o país. A paralisação foi aprovada em assembleia no dia 1º de março. Entre os motivos apontados está a sobrecarga de trabalho por falta de funcionários.
O Sindicato dos Trabalhadores em Correios e Telégrafos do Rio Grande do Sul (Sintect-RS) também cita como motivos a extinção do cargo de Operador de Triagem e Transbordo (OTT), a decisão da empresa de tirar a inclusão dos pais nos planos de saúde, a Distribuição Domiciliária Alternada (DDA), que altera a rota diária dos carteiros, a proposta da empresa de redução de carga horária para seis horas diárias, com redução salarial de 25%.
— Não tem trabalhador para separar a carga e não tem carteiro para entregar — afirma Aristóteles Neto, presidente do Sintect-RS.
Em carta aberta à população, o Sintect-RS diz que "o problema do atraso das correspondências e encomendas não é do profissional de Correios ou do Carteiro. Estamos com uma grande falta de trabalhadores. O último concurso aconteceu em 2011. E a ECT continua a demitir. Hoje sequer substituem o trabalhador em férias."
A paralisação, que terá início a partir da meia-noite desta segunda, acontece no mesmo dia em que o Tribunal Superior do Trabalho (TST) começa o julgamento referente ao plano de saúde, depois de trabalhadores e empresa terem, sem sucesso, tentado chegar a um acordo sobre a questão.
De acordo com a programação, na primeira hora da manhã haverá paralisação das unidades de trabalho. Às 10h ocorrerá uma concentração no prédio sede e, às 15h, assembleia no Sindicado, localizado na Rua Buarque de Macedo, nº 352.
Segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (FENTECT), a direção da empresa quer que os funcionários arquem com mensalidades do plano, assim como a retirada de dependentes. Além disso, afirma, o benefício poderá ser reajustado conforme a idade, chegando a mensalidades acima de R$ 900.
A greve também servirá para protestar contra as alterações no Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS), a terceirização na área de tratamento, a privatização da empresa, suspensão das férias dos trabalhadores, extinção do diferencial de mercado e a redução do salário da área administrativa. A categoria defende ainda a contratação de novos funcionários via concurso público e o fim dos planos de demissão.
Em nota, a assessoria a empresa ponderou que a greve é um direito dos trabalhadores, mas deve "agravar ainda mais a situação delicada pela qual passam os Correios". Não há informações sobre a adesão ao movimento e quais serviços podem ser prejudicados.
Confira a nota dos Correios na íntegra:
"A greve é um direito do trabalhador. No entanto, um movimento dessa natureza, neste momento, serve apenas para agravar ainda mais a situação delicada pela qual passam os Correios e afeta não apenas a empresa, mas também os próprios empregados. Esclarecemos à sociedade que o plano de saúde, principal pauta da paralisação anunciada para a próxima segunda-feira (12) pelos trabalhadores, foi discutido exaustivamente com as representações dos trabalhadores, tanto no âmbito administrativo quanto em mediação pelo Tribunal Superior do Trabalho e que, após diversas tentativas sem sucesso, a forma de custeio do plano de saúde dos Correios segue, agora, para julgamento pelo TST. A empresa aguarda uma decisão conclusiva por parte daquele tribunal para tomar as medidas necessárias, mas ressalta que já não consegue sustentar as condições do plano, concedidas no auge do monopólio, quando os Correios tinham capacidade financeira para arcar com esses custos."