A NRF 2024 é a maior feira de varejo do mundo. Realizada anualmente em Nova York, nos Estados Unidos, reúne mais de seis mil marcas globais durante três dias de imersão, aprendizado e networking. No evento, os empresários podem participar de diversas palestras com empresas multinacionais, onde são debatidos tópicos importantes do mercado varejista.
O Sebrae RS esteve presente na conferência para se atualizar sobre as tendências do setor, trazer informações importantes para o Brasil e assim ajudar empreendedores a se destacarem. Durante o evento, a instituição pode realizar uma imersão completa, além de visitas técnicas em lojas que entregam experiências varejistas diferentes em Nova York.
Após participar de palestras e compartilhar experiências durante o evento, os representantes da entidade recolheram as principais tendências para o mercado do varejo em 2024.
– As tendências para este ano são agregação de serviços na loja física, resale e circularidade, uso de inteligência artificial para melhorar a experiência do cliente, lojas menores que se conectam com a comunidade e foco nas gerações Z e Alpha – detalha o especialista estadual de varejo do Sebrae RS, Fabiano Zortéa.
Tendências do varejo 2024
Uma pesquisa da WD Partners, realizada nos Estados Unidos em 2023, apontou que 63% dos consumidores preferem realizar compras online. Entretanto, os entrevistados dizem ir a lojas físicas quando precisam testar, retirar ou devolver produtos, além dos momentos em que o estabelecimento conta com promoções.
Ainda de acordo com o estudo, o que os participantes mais gostam em uma loja são a "vibe", a descoberta, a inspiração e os funcionários. Com base nisso, uma das principais tendências do varejo em 2024 serão as lojas com serviços agregados, podendo ser a união entre online e presencial, a oferta de serviços extras de customização e ajustes, ou até mesmo a criação de um ambiente acolhedor.
– As marcas precisam entender que estão inseridas nesse novo mundo híbrido. Por isso, é importante que estejam disponíveis nesses dois ambientes e saibam integrar os espaços online e offline – comenta o especialista.
Outra tendência é a da sustentabilidade – cada vez mais presente no varejo. Durante o painel “Top Five Trends of Digital Costumer” (Top 5 Tendências do Consumo Digital), a líder global em varejo e consumidor digital da Euromonitor International, Michelle Evans, indicou que 41% dos varejistas querem investir em ações sustentáveis nos próximos cinco anos.
Uma das maneiras de aumentar as ações sustentáveis é por meio da circularidade, investindo no serviço de revendas. As empresas podem, por exemplo, aceitar um produto mais antigo, dando um desconto para o cliente que fizer aquele retorno, e revender o item mais barato.
– Assim, as marcas conseguem aumentar a vida útil dessa mercadoria, ajudar o meio ambiente e disponibilizar um artigo mais acessível – explica Zortéa.
A inteligência artificial, que já está sendo utilizada por diversas empresas para aumentar a produtividade e melhorar a experiência do consumidor, é outra inspiração. A Ulta Beauty, por exemplo, usa a ferramenta para analisar dados de compras anteriores e preferências dos clientes, permitindo recomendações personalizadas de produtos e experiências.
A marca de maquiagem conta ainda com um serviço que permite aos clientes experimentar produtos virtualmente antes de tomar decisões de compra. Além disso, a empresa investiu em assistência virtual e chatbots para gerar uma interação mais eficiente, bem como análise de dados com IA para identificar tendências de mercado.
– A inteligência artificial está impactando os negócios. As ferramentas mais populares podem ajudar com um ganho de eficiência pessoal, auxiliando na escrita de textos e desenvolvimento de pesquisas. Mas a tecnologia pode ir além, tornando a experiência mais personalizada para os clientes, com os chatbots e as assistentes virtuais – destaca o profissional.
A palestra “Digital Strategies to Decode Gen Z” (Estratégias Digitais para Decifrar a Geração Z) abordou a importância de investir nesse público, uma vez que ele representará 55% dos consumidores até 2030. Trabalhar com diferentes plataformas, investir em flexibilidade e inovação, dar ênfase na experiência na loja física e ser autêntico são algumas das preferências desse público.
– Para alcançar esse novo público, os varejistas precisarão de empatia, convivência e uma abertura a fim de entender quais são os valores essenciais para esses consumidores – relata Zortéa.
Por fim, a diretora de inovação para clientes de varejo da Accenture, Cassidy Beadle, trouxe insights importantes sobre lojas menores durante o painel “Picture this: A snapshot of the newest NYC retail standouts” (Imaginem isto: Um recorte dos mais novos destaques do varejo de NYC). Ela destacou a importância da personalização como uma estratégia poderosa para o mercado varejista.
Um case interessante é o da On, uma loja de tênis. A marca busca abraçar praticantes de corrida de vários níveis, organizando circuitos de rua para a comunidade do bairro.
– Focar em lojas menores é essencial para se conectar mais ao público do estabelecimento. Ao promover atividades para a comunidade, que tenham relação com sua marca, é possível gerar um impacto emocional nessas pessoas e aumentar o número de clientes – esclarece o especialista.
Colocando em prática
Embora as inspirações venham de grandes varejistas, o Sebrae RS visa apoiar os empresários do Rio Grande do Sul a colocá-las em prática, adaptando-as para a realidade local, com investimentos menores. Uma das medidas que torna isso possível é o Diagnóstico Empresarial, um serviço gratuito do Sebrae RS. O documento indica quais as oportunidades de melhoria para uma gestão mais eficiente dos negócios.
Além disso, o Sebrae RS desenvolveu e-books que resumem algumas das tendências da NRF 2024. Desse modo, os empreendedores poderão ter acesso às informações compartilhadas na feira. Os infoprodutos já disponíveis são sobre Geração Z, resale e inteligência artificial.