A agenda ESG na cultura do tabaco foi o tema do Campo em Debate, na Expointer, na tarde dessa quarta-feira (31). Apesar de a sigla ser recente, destaque da COP26, inclusive, o setor brasileiro do tabaco avalia que pode ser considerado vanguardista quando o assunto é agenda ESG. Mas não basta apenas adotar e praticar as ideias, é preciso comunicá-las. Esse é o atual desafio do setor.
Para o secretário da Agricultura, Domingos Velho Lopes, a agenda ESG é “o mote do momento”:
— Todas as cadeias produtivas precisam pensar em governança, harmonizar suas relações com o meio ambiente. E nós não teremos nenhum ganho econômico e ambiental se não tivermos crescimento social — analisa, referindo-se à sigla ESG (em português, significa meio ambiente, social e governança).
— O que precisamos hoje é mostrar aquilo que nós fazemos todos os dias. Governança também é saber nos vender, sempre com a verdade, com a transparência e dados oficiais — acrescenta Lopes.
— Precisamos defender melhor a nossa agricultura, afinal o Brasil alimenta o mundo e, no nosso caso, se nós pararmos de produzir, alguém vai produzir no nosso lugar. E aí perdemos emprego e renda — concorda o presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Iro Schünke.
Com 414 mil seguidores no Instagram, o produtor de tabaco em Santa Cruz do Sul e agro influencer Giovane Weber está fazendo o sugerido pelas lideranças. Ele publica diariamente na rede social o seu dia a dia como produtor de tabaco.
— A gente é muito discriminado. Então o que eu faço é mostrar que a fumicultura é uma atividade como qualquer outra. Meus avós criaram 11 filhos graças ao tabaco — relata.
Giovane também conta que, na propriedade dos seus pais, onde mora, dos 11,5 hectares, 3,5 são de mata nativa e um pequeno potreiro, 5 hectares de tabaco e o resto para subsistência.
Para o presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Benício Albano Werner, a fumicultura brasileira são vários “Giovanes”, por assim dizer: agricultores familiares, preocupados com a sustentabilidade da sua terra.
Dentro da porteira, Werner cita o projeto Verde é Vida, um programa de educação ambiental criado pela Afubra. Entre as atividades, a iniciativa incentiva o reflorestamento por meio de doação de mudas, oferece curso de atualização à distância para professores sobre meio ambiente e gestão da propriedade e promove palestras.
— A rotação de cultura que se faz no meio da cadeia produtiva de tabaco é outra questão que já é adotada pelos fumicultores — acrescenta o dirigente da Afubra, falando que, além do tabaco, a entidade orienta o produtor a plantar algum tipo de grão numa segunda safra, por exemplo.
Já fora da porteira, o presidente do SindiTabaco, Iro Schünke, foi quem trouxe exemplos de iniciativas: programas de reflorestamento na década de 1970, campanha contra o trabalho infantil em 1990, recolhimento de embalagens de defensivos nos anos 2000 e a criação do Instituto Crescer Legal — programa de aprendizado profissional rural — em 2015 .
— Nós sempre fizemos isso. Quando o meu pai plantava, por exemplo, já se tinha esse senso de preservação — observa Schünke.
No âmbito do governo federal, a superintendente do Ministério da Agricultura no Rio Grande do Sul, Helena Pan Rugeri, foi quem trouxe duas ações: o programa Agricultura Baixo Carbono (ABC) e a Produção Integrada (PI). No caso do ABC, a iniciativa propõe a adoção das tecnologias de produção sustentáveis para redução de emissão de gases do efeito estufa. Já a PI tem como base as boas práticas agrícolas para garantir uma produção mais sustentável.
— Práticas que a gente já convive, já utiliza, já pratica na nossa agricultura — observa Helena.
— (No Rio Grande do Sul) nós somos muito mais demandados pelo setor de tabaco do que o necessário para uma fiscalização — emenda o diretor do departamento de defesa vegetal da secretaria da agricultura, Ricardo Felicetti, referindo-se ao monitoramento de pragas e rastreabilidade da produção.
Assista ao debate na íntegra:
*Produção de Carolina Pastl