Uma boa notícia para o Rio Grande do Sul começa a germinar no campo. Com perspectivas climáticas positivas e produtores capitalizados, a Emater-RS projeta avanço na safra de inverno deste ano, com destaque para o trigo. Principal cultura do Estado na estação fria, o cereal deve superar a marca de 1 milhão de hectares em área plantada, o que não ocorria desde 2014, com incremento de 13,3% em relação a 2020.
Na safra passada, o grão que origina alimentos tão importantes quanto a farinha e o pão pintou de dourado 953,8 mil hectares no território gaúcho. Agora, se as previsões se confirmarem, a planta deve se espalhar por 1,08 milhão de hectares, principalmente nas regiões de Santa Rosa, Ijuí, Frederico Westphalen e Passo Fundo, no Norte.
Há, ainda, a expectativa de aumento de 21,6% na produtividade (quilos por hectare) e de um salto de 37,8% na produção (volume total colhido, em toneladas). As perspectivas animam o diretor-técnico da Emater-RS, Alencar Paulo Rugeri, que acompanha a situação das lavouras de perto.
— O trigo sempre foi muito significativo no Estado. Já tivemos mais de 2 milhões de hectares plantados. É bem verdade que também já contabilizamos menos de 400 mil, com uma grande variação de 1970 para cá. Hoje, temos essa grata recuperação, com a possibilidade de rompermos de novo a barreira de 1 milhão de hectares. É um alento. Os produtores estão agindo com base em um tripé: planejamento, gestão e profissionalismo — destacou o diretor, durante coletiva de imprensa, nesta quarta-feira (23), via internet.
O otimismo não envolve apenas o trigo. As demais culturas da temporada (aveia branca, canola e cevada) também tendem a registrar crescimento, tanto em terras cultivadas quanto em produção. A promessa de êxito no inverno, mais do que uma vantagem pontual, é o prenúncio de resultados auspiciosos nos meses de calor, quando todas as atenções se voltam à soja, carro-chefe do agronegócio gaúcho.
— A safra de inverno tem uma simbologia. Quando fazemos uma boa safra de inverno, com certeza a safra de verão virá bem — assentiu Rugeri.
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Parte desse otimismo se deve aos prognósticos climáticos. Segundo o meteorologista Flávio Varone, da Secretaria Estadual da Agricultura, o plantio das culturas de inverno não sofre com a falta de chuva, ao contrário do que se deu em anos anteriores, e os meses de julho e agosto deverão ser úmidos na medida certa para o desenvolvimento das plantas.
— Nos últimos 10 dias do mês de maio, tivemos chuva em boa parte das áreas produtoras e isso estabeleceu um nível favorável de umidade no solo. Além disso, no próximo trimestre, não teremos influência de grandes fenômenos globais, como El Niño ou La Niña. A tendência é de que as frentes frias passem regularmente pelo Estado e, com isso, tragam chuvas igualmente regulares e bem distribuídas em julho e agosto — projeta Varone.
Em setembro, a tendência é de diminuição da umidade, principalmente na Zona Sul e na Campanha, mas, ainda assim, o especialista considera as condições gerais favoráveis aos agricultores.
Para o presidente da Emater-RS, Geraldo Sandri, não há do que reclamar:
— Será um ano muito positivo em termos de plantio, de expectativa, de área plantada. Estamos levando o Rio Grande do Sul a retomar o protagonismo que sempre teve.