A pandemia de coronavírus não abalou o ritmo da colheita no Rio Grande do Sul e nem mesmo a demanda por grãos, mas acaba trazendo efeitos nas condições de comercialização e no escoamento da safra.
Um dos impactos imediatos da crise sanitária global foi a queda dos preços das commodities no mercado internacional. No entanto, como a instabilidade econômica intensificou a valorização do dólar, que se consolidou acima dos R$ 5 nas últimas semanas, os preços de produtos agrícolas em reais permanecem aquecidos. De acordo com dados da Emater, na semana encerrada em 9 abril, os preços das sacas subiram 25% na soja, 37% no milho e 26% no arroz frente a igual período de 2019.
— O que mantém os preços em alta neste momento é o câmbio. Mas isso também vem resultando na escalada dos preços dos insumos. A safra de 2021 vai ser bem mais cara — projeta Antônio da Luz, economista-chefe da Farsul.
O presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Guinter Frantz, ainda pontua que a pandemia acaba dificultando o escoamento da produção, aumentando os custos de frete.
— Há dificuldade em conseguir frete. Muitos caminhoneiros têm acima de 60 anos e estão no grupo de risco. Mas ainda assim estamos conseguindo contornar essa dificuldade — relata o dirigente.
No caso do arroz, o tempo seco pode se refletir em produção ainda maior que a projetada inicialmente, de 7,3 milhões de toneladas. Nesta semana, o Irga deverá divulgar nova estimativa para safra, devendo elevar para até 7,7 milhões de toneladas a colheita gaúcha.