Se você faz questão do tradicional pinhão na festa junina, saiba que a comemoração pode ficar mais cara este ano. Isso porque o preço do produto aumentou em supermercados, feiras e tendas à beira de estradas. Nas Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa-RS), por exemplo, o valor médio do quilo, neste início de junho, é de R$ 6. No mesmo período de 2018, o valor era de R$ 4,30. A alta no valor é reflexo da queda da coleta no Estado.
A engenheira florestal Adelaide Juvena Kegler Ramos, assistente técnica regional na área de manejo de recursos naturais da Emater de Caxias do Sul, detalha que a safra deste ano deve ficar entre 40% e 50% menor do que em 2018, quando foram colhidas 800 toneladas da semente. Até mesmo o maior produtor de pinhão da Serra deve ter retração. São Francisco de Paula coletará cerca de 60 toneladas — 50% a menos do que no ano passado.
O motivo, segundo Adelaide, foi o excesso de frio entre o final do inverno e a primavera de 2017, quando ocorreu a florada. O tempo prejudicou a fecundação e a polinização, por isso, muitas pinhas não se formaram. Ela ressalta que o frio é importante em determinadas épocas para as araucárias, que produzem pinhões a cada dois anos, a partir do décimo ano de idade da árvore:
— Se o inverno for de temperaturas mais altas também pode afetar a colheita das pinhas.
Outra consequência foi a redução do tamanho. Em média, uma pinha pesa três quilos e, nesta colheita, deve chegar a, no máximo, dois quilos. Apesar do encolhimento das sementes e da safra, o alimento é de boa qualidade.
Para os próximos anos, a expectativa é manter o volume ou até registrar pequena redução. O motivo é a previsão de um inverno com temperaturas amenas, o que prejudica o desenvolvimento das pinhas.
Mais valor e procura menor
Nesta safra, o preço do pinhão vendido pelo extrativista também aumentou. O quilo in natura, que era comercializado entre R$ 3,50 e R$ 5 no ano passado no Estado, agora está entre R$ 5 e R$ 9. Para agregar valor ao produto, Adelaide conta que os agricultores oferecem o pinhão já cozido ou moído — a tradicional paçoca. Na cozinha, chefs vêm investindo em pratos especiais à base da semente.
Mas o frio, que estimula as pessoas a adicionarem o produto à sua cesta de compras, ainda não chegou no Estado. De acordo com o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, a comercialização, está menor. Segundo ele, o consumo de pinhão aumenta quando as temperaturas estão mais baixas.
Se o frio do Sul não vier com força, a tendência, ressalta Longo, é de que as vendas de pinhão se mantenham em baixa.
Como armazenar
- Conserve em ambientes frios e, de preferência, acondicionado em embalagem vedada.
- Na geladeira, o prazo de validade é de dois a três meses.
- No congelador, o produto pode ser consumido em até seis meses.
Curiosidades
- A araucária é nativa da região sul do país e começa a produzir frutos a partir de 10 anos.
- Cada araucária gera de 60 a cem pinhas.
- Para produzir, são necessárias as araucárias masculinas, responsáveis pelo pólen, e femininas, que geram as pinhas.
- Uma pinha tem, em média, 200 pinhões e pesa cerca de três quilos.
Fonte: Emater de Caxias do Sul
Colaborou Leticia Szczesny