A valorização das commodities agrícolas no mercado internacional ajudou as cooperativas agropecuárias do Rio Grande do Sul a faturarem R$ 25,4 bilhões em 2018. O resultado, divulgado pela Fecoagro, entidade que congrega o setor no Estado, representa aumento de 25% em relação ao ano anterior.
– Tínhamos um estoque alto de soja represada na virada do ano passado. Depois veio uma boa safra de grãos e o aumento de preço do produto, puxado principalmente pela variação câmbial – explica Paulo Pires, presidente da Fecoagro.
Entre as 34 cooperativas associadas à entidade, 12 tiveram faturamento superior a R$ 1 bilhão. Somente uma, a Cotrijal, de Não-Me-Toque, atingiu a marca dos R$ 2 bilhões. No período, as sobras de todas as cooperativas somaram R$ 638 milhões – quase 50% a mais do que no ano anterior.
O crescimento histórico não foi acompanhado na mesma proporção pela margem, que ficou em 2,5% – percentual 17% superior a 2017.
– A margem agropecuária é baixa, é da natureza da atividade – argumenta Pires.
Para o dirigente, a rentabilidade baixa é um dos motivos pelos quais o setor não tem condições de pagar juro de mercado para acessar crédito. No ano passado, as cooperativas agropecuárias brasileiras tomaram 14% dos financiamentos agrícolas oficiais.
– É normal que se rediscutam taxas. Mas retirar o juro fixo da agricultura seria um grande retrocesso neste momento – afirma Pires, ao referir-se à discussão de uma política agrícola com menos subsídios ao crédito.
Ao apoiar o incremento da subvenção ao seguro rural, a entidade lembra que a atividade agrícola tem riscos, além de ser prejudicada no país pela infraestrutura precária e pelos altos custos de produção.