Nem só de touros angus, vacas holandesas e ovelhas texel vive a Expointer. Entre os animais expostos na feira, em Esteio, algumas raças pouco conhecidas também se fazem presentes. São espécies em pequenas quantidades, mas que disputam a atenção dos visitantes — seja para apostar em nicho de mercado promissor ou por razões sentimentais.
É o caso do ovinocultor Marco Aurélio Sanchotene, de Dom Pedrito, que se dedica exclusivamente à raça dorper. Ele trouxe à feira um dos dois exemplares expostos de white dorper, variação da espécie originada do cruzamento de três outras raças. Sanchotene avalia que o animal deve ganhar espaço no Brasil nos próximos anos, em razão de suas características.
Por isso, decidiu investir na criação a partir de 2011 e tem colhido resultados. Recentemente, vendeu 60 cabeças para um produtor goiano.
— Na produção de lã, já existem muitas cabanhas atuando, mas, na de carne, não há tantas. A dorper e a dorper white são raças voltadas exclusivamente para a carne. Conseguimos oferecer o cordeiro que o mercado quer — explica.
Em alguns casos, produtores apontam que investir em raças minoritárias tem retorno similar ao de apostar em animais mais conhecidos. Há cinco anos como o único expositor na feira com gado de corte shorthorn, Thales da Costa, de Alegrete, diz que há demanda de negócios por exemplares da raça, especialmente para o cruzamento com outras variedades. Ele trouxe nove das 250 cabeças de sua fazenda para a feira.
— O investimento se sustenta. Até vendo mais angus, mas não penso em terminar com o shorthorn — afirma o pecuarista, que também preside a Associação Brasileira de Criadores de Shorthorn.
Outro fator que leva os pecuaristas a investirem em raças rústicas é o menor custo para manter a produção. Criadora de vacas leiteiras girolando, a produtora alegretense Roberta Quinteiro vê grande potencial para a raça.
Dona de 75 cabeças, ela destaca que, apesar de ter produtividade média inferior à de outras raças, os animais costumam ter poucos problemas de sanidade. E por serem criados soltos, não requerem investimento em estruturas de confinamento. Na feira, ela tem dois dos 17 animais em exposição.
— O pequeno produtor vai precisar do girolando se quiser sobreviver. O custo de produção do leite é cada vez maior e a remuneração vem diminuindo — comenta.
Há quem foque nas minorias com o objetivo de manter tradições familiares. Dona de cerca de 30 cabeças de vacas normanda, voltadas para a produção de leite e carne, Maria Eulália Rodrigues, de Santana do Livramento, diz que seu avô começou a trabalhar com a raça na década de 1940. Ao assumir a propriedade rural, em 2009, decidiu mantê-las.
— Era um patrimônio de vida, não dá para pensar só na questão financeira. Penso, sim, em manter a história de todo um trabalho — ressalta a produtora.
Na feira, estão expostos apenas 22 exemplares de normanda. Desses, dois são de Maria Eulália.